Só a Educação Salva o Brasil: Conversa com João Batista Oliveira
Entrevista concedida ao blog Brasil no Mundo, da Revista Exame, revela o olhar crítico do presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, sobre os desafios e rumos da educação brasileira. Em uma análise profunda, o professor aponta as falhas estruturais que impedem o país de alcançar um ensino de qualidade, destacando a importância da pressão social e do comprometimento governamental para uma verdadeira transformação.
A Urgência de um Pacto Social pela Educação
Brasil no Mundo: Com tantos indicadores negativos e a interferência política, ainda é possível transformar a educação?
João Batista: A sociedade ainda não cobra, de forma organizada, uma educação de qualidade. Sem uma pressão clara da sociedade – incluindo alunos, famílias e elites – é improvável que o governo enfrente os desafios de uma reforma necessária. As forças que favorecem a inércia e a baixa qualidade ainda são muito poderosas.
Repensando a Educação: O Salto Transformador
Lançando luz sobre o conteúdo do seu livro “Repensando a Educação Brasileira”, João Batista identifica o ponto de partida para uma revolução educacional: garantir que as escolas realmente cumpram o seu papel fundamental de ensinar.
Para o professor, o “grande salto” começa na base, com políticas robustas para a primeira infância e o ensino fundamental, assegurando a alfabetização já no primeiro ano e uma educação diversificada no ensino médio, com ênfase na formação profissional. “O Brasil não tem paciência para fazer bem feito, e isso prejudica, sobretudo, as camadas mais pobres,” afirma João Batista.
O Pisa e o “Rolo Compressor” na Educação Brasileira
Brasil no Mundo: Os indicadores de qualidade, como o Pisa, revelam o quanto o Brasil ainda patina. Qual o impacto do “Pacto pela Educação”?
João Batista: A palavra “pacto” foi usada para descrever um processo de cooptação, onde grupos poderosos são mobilizados para manter o status quo. É preciso um verdadeiro compromisso, onde se faça o dever de casa. Sem isso, a educação de qualidade não entra na pauta da sociedade e, consequentemente, do governo. O Brasil patina por estar envolto em uma cultura de mediocridade e corporativismo.
Educação e Autoengano: O Papel dos Pais e Professores
João Batista também critica a forma como pais e até professores se enganam sobre o estado da educação no país. Com uma média de escolaridade da população adulta de apenas seis anos, muitos pais enxergam a escola atual como melhor do que a que tiveram, sem perceber que esta educação ainda coloca seus filhos em desvantagem.
A falta de informação e a ausência de instrumentos que possibilitem aos pais buscar um ensino de qualidade para seus filhos acabam reforçando essa condição de conformidade. Para João Batista, é o que os economistas chamam de “assimetria de informação”: as famílias não têm acesso aos dados e às ferramentas que poderiam mudar essa realidade.
Gestão Escolar e Pedagogia: A Falta de Inovação e Conteúdo
Brasil no Mundo: Será que a educação no Brasil carece mais de pedagogia ou de uma gestão eficaz?
João Batista: Ambos são problemas, mas o que realmente falta é conteúdo. Não temos programas de ensino claros, e muitos professores não possuem formação adequada. Nesse sentido, as falhas na gestão são, em grande parte, consequência de políticas mal formuladas. Para João Batista, o problema vai além de técnicas pedagógicas. Passando pela necessidade de profissionais mais bem preparados e políticas que incentivem a diversidade e a qualidade.
Experiências Internacionais: O que o Brasil Pode Aprender
Primeiramente, a trajetória de Xangai e da Coreia do Sul no campo educacional revela um processo disciplinado e sequenciado, onde as políticas foram implementadas com consistência. Ademais, a China, a Índia e até os Estados Unidos são exemplos com suas próprias particularidades. Todavia trazem um ponto em comum: o sucesso educacional se baseia na aplicação de políticas duradouras e bem fundamentadas.
Em segundo plano, para João Batista, o importante não é apenas copiar o modelo atual dos países desenvolvidos, mas entender o que fizeram no passado para superar problemas semelhantes aos que enfrentamos hoje.
A Contribuição do Instituto Alfa e Beto
De início, o presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB), João Batista Oliveira destaca as duas frentes de atuação da instituição: a implementação de programas de ensino estruturados, como o software Galáxia Alfa, voltado para a alfabetização, e o estímulo ao debate educacional. Através da elaboração de relatórios técnicos e divulgação de evidências científicas. Assim o IAB busca qualificar a discussão sobre educação no Brasil.
O Futuro da Educação Brasileira
Por fim, a entrevista com João Batista Oliveira ressalta que apenas uma mobilização social forte e um comprometimento real com a qualidade de ensino podem salvar a educação no Brasil. Logo, a transformação requer paciência, foco e a capacidade de superar a mediocridade e o corporativismo que impedem o avanço do país.
Envolva-se na mudança! Acesse o site do Instituto Alfa e Beto e conheça as iniciativas que podem transformar a educação no Brasil.