Pesquisador português José Morais, referência internacional em alfabetização, apresenta dados de estudo sobre intervenções do IAB em estados brasileiros.
O Instituto Alfa e Beto esteve presente no I Workshop em Ciência Cognitiva e Cultura, realizado entre os dias 21 e 22 de julho, e organizado pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (Portugal). Na ocasião, o pesquisador e professor emérito da Universidade Livre de Bruxelas, José Morais, apresentou evidências sobre o impacto dos programas de alfabetização do Instituto Alfa e Beto no desempenho dos municípios.
Morais destacou que toda atuação do IAB é pautada pelas evidências mais robustas e consistentes, e que o Instituto já alcançou mais de 1 milhão de crianças em centenas de municípios brasileiros. O pesquisador ressaltou, ainda, que já foram realizados inúmeros estudos comparativos que avaliaram o impacto desses programas em diferentes contextos sociais e econômicos.
Dentre os resultados mais expressivos, estão os obtidos por municípios dos estados do Rio Grande do Sul, do Ceará e do Piauí.
No Rio Grande do Sul, o Programa Alfa e Beto de Alfabetização foi avaliado em 2010 como o mais eficaz na alfabetização de crianças, de acordo com estudo coordenado pela Fundação Cesgranrio. Foram analisados quatro grupos de 200 escolas do 1º ano do Ensino Fundamental da rede estadual do estado.
Como resultado, observou-se que as escolas que adotaram o Programa Alfa e Beto de Alfabetização experimentaram um aumento da nota média 4,71 pontos maior que o grupo de controle. Esse aumento se manteve estatisticamente significante após a inclusão de controles para mudanças na infraestrutura e equipamentos das escolas, nas características do diretor, dos professores e dos alunos.
Observa-se na figura abaixo, exibida na apresentação em Lisboa, que, entre 2007 e 2009, embora as médias dos grupos de escolas sejam diferentes, a evolução das notas é idêntica para todos os grupos. Na ausência de alguma intervenção, isso é o esperado. Por outro lado, há claramente uma inflexão na trajetória da nota média das escolas que implementaram o Programa Alfa e Beto de Alfabetização (aparece como “método fônico” na Figura 1).
Os resultados reforçam a eficácia do método fônico e ampliam o debate sobre a importância das evidências científicas nas decisões educacionais.
Já no Ceará, dados do Sistema Permanente de Avaliação da Educação do Estado do Ceará (SPAECE/Alfa) mostram que os municípios cearenses que adotam o Programa Alfa e Beto de Alfabetização obtiveram resultados significativamente melhores que os demais. Em 2012, os alunos que passaram pela intervenção obtiveram em média 12,49 pontos a mais do que o restante da rede. No nível 5 do teste, o mais elevado, as diferenças foram de 74,2 vs. 64,9 a favor do Instituto.
No ano de 2017, na mesma avaliação, quatro municípios se destacaram. Em Sobral, quase 100% das crianças atingiram nível satisfatório em alfabetização ao fim do segundo ano. Em Guaraciaba, foram quase 90%, enquanto em Uruoca esse índice se aproximou dos 80%, como mostra o gráfico abaixo, também exibido em Lisboa.
No Piauí, último estado destacado por Morais em sua apresentação, dados da Prova Brasil de 2015 permitem demonstrar o ganho adicional de 157 escolas que participaram dos programas de alfabetização do Instituto Alfa e Beto no 1º ano, em 2011, e continuaram no 2º ano.
Os resultados indicam que, tanto em Matemática quanto em Língua Portuguesa, o aluno Alfa e Beto obteve, na média, um aumento na proficiência em torno de 8 pontos acima daquela observada para alunos de escolas localizadas em municípios não atendidos pelo Instituto. O gráfico abaixo mostra a evolução na disciplina de Matemática.
Morais afirmou, ainda, que resultados são significativos e consistentes nas mais diferentes circunstâncias e regiões do país, contribuindo para promover mudanças importantes na educação. Analisados separadamente ou em conjunto, os dados demonstram que os resultados não ocorreram por acaso. São frutos de intervenções estruturadas que, afinadas com as evidências científicas mais robustas, marcam a trajetória do Instituto Alfa e Beto.
Sobre o evento
O I Workshop em Ciência Cognitiva e Cultura é o primeiro de uma série de encontros que deverá acontecer anualmente voltado para o campo emergente da Ciência Cognitiva dirigido à pesquisa sobre a relação bidirecional entre cultura e cognição: como as invenções culturais modulam o cérebro e a mente humana, e como o cérebro e a mente humana moldam as aquisições culturais?
Ocorrido em Lisboa, o encontro contou com pesquisadores de países como Bélgica, Espanha, Holanda, Portugal e Suíça. São Luis Castro e José Morais, ambos palestrantes de Seminários Internacionais organizados pelo Instituto Alfa e Beto no Brasil, estiveram entre os presentes. Em 2019, o Workshop acontecerá em Israel e, em 2020, na Índia.
Para saber mais sobre o evento, acesse: https://www.psicologia.ulisboa.pt/