Em artigo publicado no Diário de Pernambuco, o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Araujo e Oliveira, comenta os resultados da Prova Brasil 2017 no contexto das eleições no estado de Pernambuco. Para ele, os resultados da principal avaliação que o país faz do seu Ensino Básico, por meio de provas de Matemática e Língua Portuguesa aplicadas a alunos do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental, e do 3º ano do Ensino Médio, exigirão uma reflexão e uma resposta por parte dos candidatos.
“No país como um todo, os resultados indicam uma inflexão: o aumento das notas da rede pública nas séries iniciais foi de quatro pontos e, nas séries finais, em torno de zero. Em Pernambuco, nos três níveis de ensino – séries iniciais e finais do ensino fundamental, e ensino médio -, não houve variação no resultado das redes públicas em relação a 2015. Pernambuco hoje ocupa o 19o lugar nas séries iniciais, 18o nas séries finais e 9o lugar no ensino médio. No ensino médio, a rede estadual foi a que mais avançou no país – quase 20 pontos, atingindo um total de 263,1 pontos, pouco acima da média nacional”, diz o Prof. João Batista Araujo e Oliveira.
Confira o artigo no Diário de Pernambuco ou leia na íntegra abaixo:
Prova Brasil e eleições em Pernambuco
João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto
Embora não seja o tema prioritário, a discussão dos resultados da Prova Brasil certamente exigirá uma reflexão e uma resposta por parte dos candidatos. Ao apresentar os resultados, o Ministério da Educação fez um alerta a respeito da gravidade da situação. Os dados sugerem prudência no entendimento, na análise dos resultados e no debate público sobre o tema.
No país como um todo, os resultados indicam uma inflexão: o aumento das notas da rede pública nas séries iniciais foi de quatro pontos e, nas séries finais, em torno de zero. Em Pernambuco, nos três níveis de ensino – séries iniciais e finais do ensino fundamental, e ensino médio -, não houve variação no resultado das redes públicas em relação a 2015. Pernambuco hoje ocupa o 19o lugar nas séries iniciais, 18o nas séries finais e 9o lugar no ensino médio. No ensino médio, a rede estadual foi a que mais avançou no país – quase 20 pontos, atingindo um total de 263,1 pontos, pouco acima da média nacional. Dentre os cinco municípios com maior destaque, encontram-se apenas municípios de pequeno porte – Arcoverde é o de maior população que entra pela primeira vez nesse grupo.
Os dados divulgados mostram o quão pouco sabem os alunos brasileiros: numa escala de proficiência de 9 pontos, metade dos alunos estão abaixo do nível 4 nas séries iniciais; abaixo do nível 3 nas finais; e abaixo do nível 2 no ensino médio. Isso é para o Brasil – em Pernambuco, os que estão abaixo desse nível são muito mais.
Pernambuco apresenta destaque no ensino médio, e esse esforço tem dois significados importantes. Primeiro, mostra que é possível intervir num nível de ensino mais elevado, mesmo quando os níveis inferiores ainda não estão resolvidos. Mas os avanços serão sempre limitados, pela falta de base: não se constrói castelo em cima de areia. O que cabe discutir é se os benefícios desse típico de política compensam os custos – e que aprendizagem deles resulta. Pernambuco está em posição privilegiada para discutir esse tema, sem ignorar que o ensino fundamental no estado cresceu muito pouco acima da média nacional e ainda permanece abaixo da linha d’água.
Nas últimas décadas, o MEC assumiu um papel de protagonismo na educação básica e adotou um modelo centrado em dois pilares: elevar os gastos dos estados e municípios, e promover políticas centralizadas e uniformes em todo o país, muitas vezes impondo-as de forma grotesca. O modelo faliu, não deu resultado. No plano federal, a maioria dos candidatos parece não ter entendido a mensagem – eles continuam a buscar “A” grande solução. É pouco provável que isso irá mudar. Os estados que quiserem se salvar deverão buscar outros caminhos.
Os dados da Prova Brasil sugerem a necessidade de trilhar um caminho diferente. Mais do que atacar os adversários, um conhecimento do que deu certo em outros lugares e sobre as evidências a respeito do que efetivamente funciona em educação pode servir de inspiração.