Propostas para melhorar a reforma do ensino médio: a visão do Instituto Alfa e Beto
Apoio à MP 746 e importância do ensino técnico
Antes de tudo, a Medida Provisória 746/2016 , que propõe uma reestruturação do ensino médio, representa um avanço para a educação brasileira. Durante a 8ª audiência pública no Senado , o presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB), João Batista Araujo e Oliveira , destacou que, apesar de conter pontos questionáveis, o MP reintroduz o ensino técnico , o que fortalece a preparação dos alunos para o mercado de trabalho.
Além disso, João Batista enfatizou que a reforma só será eficaz se as opções de formação forem feitas pelos alunos , e não pelas escolas ou redes de ensino. Ele alertou que a flexibilização do currículo só faz sentido permitir que os estudantes escolham trajetórias alinhadas às suas habilidades e interesses.
Propostas para melhorar a reforma
Ainda mais, João Batista apresentou sugestões para tornar a MP mais eficiente e economicamente viável. Entre suas propostas, destaque-se:
- Simplificação do currículo : O núcleo comum deve ter 800 horas ao longo dos três anos do ensino médio, em vez das 1.400 horas propostas pelo MP.
- Redução do aumento da carga horária : João Batista defende que aumentar o tempo de aula não melhorou a qualidade do ensino .
- Foco nas escolas de tempo integral para alunos de baixa renda : A ampliação do ensino integral deve beneficiar prioritariamente estudantes de nível socioeconômico mais baixo , garantindo equidade no acesso à educação de qualidade.
A estrutura curricular ideal para o ensino médio
Segundo João Batista, o ensino médio deve ter um núcleo comum com nove disciplinas , incluindo:
- Língua Portuguesa, Matemática e Inglês (duas disciplinas de cada).
- Uma disciplina na área de STEM (Ciências, Matemática, Física, Química ou Biologia) com abordagem interdisciplinar.
- Uma disciplina de Ciências Sociais e uma de Ciências Humanas .
Além disso, os alunos deverão ter espaço para cursar outras 12 disciplinas ao longo dos três anos , sendo oito na área de sua escolha e quatro a seus prêmios . Essa estrutura garante um equilíbrio entre conhecimento geral e especialização , sem sobrecarregar o estudante com conteúdos desnecessários.
A poupança econômica da reforma
Ao contrário do que muitos defendem, João Batista destacou que a realidade dos municípios brasileiros precisa ser considerada na implementação da MP. Ele alertou que metade das cidades do Brasil tem menos de 10 mil habitantes , tornando inviável a manutenção das escolas de ensino médio em todos esses locais.
Além disso, ele enfatizou que ampliar a carga horária gera custos elevados para os estados. Em sua visão, o MP deve focar em soluções financeiramente sustentáveis , que tragam resultados concretos sem aumentar os gastos públicos .
O impacto do aumento da carga horária
Analogamente, João Batista apresentou estudos que demonstram que a relação entre tempo de aula e desempenho dos alunos é positiva apenas até um limite . Segundo ele, o máximo de tempo eficaz para absorção de conhecimento é de cinco a seis horas diárias .
Ainda assim, a MP propõe aumentar a jornada para 1.400 horas anuais , um número que ultrapassa o necessário. Para João Batista, essa mudança não trará benefícios educacionais e apenas ampliará os custos da rede pública .
Ele também ressaltou que mais tempo na escola não significa automaticamente melhor aprendizagem . Os países desenvolvidos, por exemplo, mantêm uma carga horária em torno de 800 horas por ano e garantem bons resultados educacionais.
O ensino integral e o risco de elitização das escolas públicas
Outro ponto abordado foi a proposta de ampliação do ensino integral . João Batista alertou que, historicamente, escolas públicas de maior qualidade acabam se tornando elitizadas , pois passam a atrair alunos de famílias com melhor poder aquisitivo.
Nesse sentido, ele sugeriu que o MP defina critérios para que as vagas nas escolas de tempo integral sejam priorizadas para estudantes de baixa renda . Dessa forma, a reforma poderá realmente beneficiar os alunos que mais precisam de um ensino de qualidade.
Além disso, ele reforçou que não basta apenas aumentar o tempo de permanência na escola . O diferencial deve estar na qualidade do ensino, na formação dos professores e na estrutura curricular bem planejada .
Uma reforma viável e eficiente
Por fim, João Batista enfatizou que a reforma do ensino médio precisa ser realista, eficiente e centrada no aluno . Para isso, o MP deve focar em políticas educacionais viáveis, economicamente sustentáveis e que realmente contribuam para a formação dos estudantes .
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