Por um Novo Consenso na Educação: Reflexões de Simon Schwartzman
No artigo “Por um novo consenso na Educação”, publicado em 14 de junho no jornal O Estado de S. Paulo , o sociólogo e especialista em educação Simon Schwartzman analisa o cenário atual da educação brasileira. Ele criticou o “grande consenso” defendido por seis ex-ministros da área, que, segundo ele, foi comprovado em políticas extensas, pouco práticas e ineficazes. Schwartzman propõe um novo consenso, com metas realistas e homologações às necessidades do país.
O consenso atual e seus desafios
Antes de mais nada, Schwartzman confirma que há um consenso sobre a prioridade da educação no Brasil. Contudo, o argumento que esse consenso é ilusório, resultando em iniciativas grandiosas no papel, mas com pouco impacto prático. Um exemplo destacado é o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, que apresenta 20 grandes metas e 244 estratégias. Schwartzman comparou o PNE a um “zumbi que se recusa a morrer”, defendendo suas substituições por um conjunto menor de objetivos realistas e bem definidos.
Além disso, ele aborda a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) , apontando seu excesso de complexidade e falta de clareza. Para Schwartzman, documentos internacionais como o Socle Commun francês, com 30 páginas, e o currículo da Nova Zelândia, resumido em 8 quadros, são exemplos de abordagens mais objetivas e eficazes.
A reforma do ensino médio: uma oportunidade perdida?
Outro ponto levantado é a reforma do ensino médio, que começou com uma proposta de diversificar trajetórias escolares, mas acabou diluída em compromissos com o currículo tradicional. Schwartzman destaca que, embora o novo modelo deveria entrar em vigor em 2020, muitas escolas ainda não sabem como implementá-lo. Ele critica a falta de reformulação do ENEM para se alinhar às mudanças propostas, tornando a correção da reforma superficial.
Construindo um novo consenso
Em contrapartida, Schwartzman propõe um novo consenso baseado em maior eficiência no uso dos recursos. Ele sugere que os 5% do PIB atualmente investidos em educação podem ser melhores aproveitados, especialmente considerando a queda da natalidade, que resultará em menos estudantes e a possibilidade de pagar melhores os professores.
Entre as prioridades, ele destaca:
- Reformar a profissão docente com melhores cursos de formação, carreiras baseadas no desempenho e maior diversidade de perfis.
- Tratar a educação infantil como uma etapa formativa essencial, não meramente assistencialista.
- Erradicar o analfabetismo funcional com métodos comprovados de alfabetização.
- Repensar o segundo ciclo do ensino fundamental.
- Implementar uma reforma do ensino médio de forma eficaz, com fortalecimento da educação técnica.
- Revisar o ensino superior, criando alternativas de formação em diferentes níveis.
- Vincular à pós-graduação e à pesquisa às necessidades do país.
Além disso, Schwartzman ressalta a importância de revisar os papéis dos setores público e privado, tornando-os complementares e livres do corporativismo e mercantilismo.
Educação como Alicerce do Progresso
Por fim, Schwartzman conclui que o avanço da educação no Brasil depende de estratégias práticas, focadas na eficiência e sem impacto real. Ele argumenta que, ao priorizar mudanças estruturais e baseadas em evidências, será possível construir um sistema educacional mais justo e eficaz, alinhado às demandas da sociedade e do mercado.
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