Pelo Pisa 2015, somos todos analfabetos em ciências
Reflexão sobre os resultados do Pisa 2015
Antes de tudo, a edição de 2015 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) revelou um cenário preocupante para o Brasil. Embora os resultados não tragam novidades, eles reforçam um alerta: o desempenho dos estudantes brasileiros continua muito abaixo da média dos países da OCDE. Agora, mais do que nunca, é fundamental refletir sobre os impactos disso na educação, na economia e no futuro do país.
O problema não está apenas no Ensino Médio
Analogamente ao que ocorreu em edições anteriores, os estudantes brasileiros apresentaram dificuldades graves em ciências, leitura e matemática. Estamos 100 pontos abaixo da média dos países desenvolvidos, o que significa que um estudante brasileiro com 10 anos de escolaridade sabe tão pouco quanto um aluno do 6º ano de um país desenvolvido. Mais preocupante ainda, a maioria dos jovens entre 15 e 16 anos sequer alcança o nível 2 do Pisa, patamar mínimo para que possam conviver e contribuir de forma produtiva na sociedade atual.
O impacto da alfabetização na aprendizagem de ciências
Antes que se responsabilize exclusivamente o Ensino Médio, é preciso olhar mais fundo. O problema central está na alfabetização inicial. A deficiência na compreensão de textos compromete o aprendizado de todas as disciplinas, especialmente ciências. Estudantes brasileiros têm dificuldades para interpretar gráficos, tabelas e textos analíticos, o que se agrava pela falta de uma base sólida em matemática.
Países que acertaram na educação e o que podemos aprender
Os países que alcançam bons resultados no Pisa fizeram reformas estruturais, priorizando qualidade no ensino. Portugal, por exemplo, obteve melhorias significativas ao reformular seu sistema educacional. O Brasil, por outro lado, ainda carece de mudanças eficazes. O Plano Nacional de Educação (PNE), por si só, não tem força para mudar esse cenário se não houver um compromisso real com a qualidade.
O desafio da reforma do Ensino Médio
Agora que o Brasil discute uma reforma do Ensino Médio, precisamos garantir que ela caminhe na direção certa. O Pisa deixa claro que o problema não está na estrutura do Ensino Médio em si, mas na deficiência da educação básica. O foco deve ser fortalecer Língua Portuguesa e Matemática, garantindo que os alunos aprendam a pensar, refletir e resolver problemas antes de chegarem ao Ensino Médio.
Entretanto, a reforma atual propõe a expansão da carga horária e aumento das disciplinas obrigatórias, o que pode piorar a qualidade do ensino se não houver melhorias estruturais na base do sistema educacional.
Estamos aprendendo a lição?
Definitivamente, os dados do Pisa servem como alerta para toda a sociedade. O Brasil precisa enfrentar a realidade de que um sistema educacional ineficiente compromete seu futuro. A chave para reverter esse cenário está na alfabetização de qualidade, na valorização da formação de professores e no incentivo ao pensamento crítico desde os primeiros anos escolares.
Se o Brasil não tomar medidas concretas, continuará sendo um país onde a ciência é incompreendida e a educação segue sem avanços significativos. Ainda há tempo para mudar esse quadro – mas é preciso agir com urgência!
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