Este artigo faz parte de uma série que debate em dez capítulos questões fundamentais para o avanço da educação no Brasil. As publicações acontecem em comemoração aos 10 anos de atuação do Instituto Alfa e Beto. Leia AQUI a série completa de artigos.
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O plano de país para o Brasil pode começar pelo currículo
Primeiramente, em um país onde a crise econômica e a corrupção dominam as manchetes, pode parecer um luxo discutir a construção de um novo currículo para a educação nacional. Contudo, Ilona Becskeházy, jornalista e mestre em Educação. Argumenta que, se tivéssemos implementado uma reforma curricular de alto padrão nos últimos 20 anos. O Brasil poderia estar em uma situação bem diferente, especialmente no que diz respeito ao desemprego, ao desalento da juventude e à capacidade de superar problemas estruturais. Embora o currículo por si só não faça milagres, ele tem o poder de mudar um país de maneira estrutural.
O Papel Crucial do Currículo para o Desenvolvimento de um País
Em outras palavras, o currículo nacional pode ser um dos pilares para a construção de um país mais justo, mais rico e com melhor qualidade de vida. A sociedade brasileira anseia por um Estado que trabalhe para todos, não apenas para uma elite, e a educação pública de alta qualidade é um dos elementos-chave para alcançar esse objetivo. Portanto, embora o momento político e econômico seja avassalador, o debate sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é mais urgente do que nunca.
Comparações com Países Desenvolvidos: O Exemplo de Ontário, Reino Unido e Portugal
Sobretudo, a autora defende que a BNCC não deve ser comparada apenas com sua versão anterior, mas sim com os documentos curriculares de países desenvolvidos, como as províncias do Canadá, o Reino Unido, a França e Portugal. Esses países possuem currículos de alta qualidade que estabelecem padrões de ensino ambiciosos e bem estruturados, e o Brasil precisa se alinhar a essas referências.
Por exemplo, em Ontário, no Canadá, os alunos atingem o nível 3 do PISA (uma das mais importantes avaliações internacionais de educação) já no 6º ano. O que significa que crianças de 12 anos já têm um desempenho superior em compreensão textual. Já no Reino Unido, os alunos aprendem estatísticas muito antes de entrarem no ensino médio. Enquanto, no Brasil, um estudante de primeiro ano universitário na área de humanas tem dificuldades até mesmo com conceitos básicos de estatística. Em Portugal, textos fundamentais como os Lusíadas e a Carta de Pero Vaz de Caminha são ensinados no 9º ano, um exemplo de rigor educacional que muitos no Brasil ainda consideram “luxo”.
O Argumento Falacioso do Corporativismo
Ainda assim, quando se mencionam essas comparações, um dos principais obstáculos apontados é o argumento de que países como Portugal, Canadá e outros têm maiores níveis de renda. Por isso, teriam um “patamar” mais alto para implementar esses currículos. Ilona rebate esse argumento, afirmando que professores brasileiros, mesmo sem receber os mesmos salários de docentes de outros países, devem ser capazes de ensinar conteúdos relevantes e de alto nível, como os clássicos da literatura. Porque essa é a base para formar cidadãos bem preparados para o futuro.
O corporativismo educacional, ao focar em um modelo que apenas busca benefícios para professores e sindicatos, não pode ser mais um obstáculo para a melhoria da educação no Brasil. É preciso repensar um currículo que eleve os alunos brasileiros a um padrão internacional, com maior foco na qualidade, e não em concessões que apenas perpetuam o baixo desempenho.
A Necessidade de Objetivos Pedagógicos Ambiciosos
Em conclusão, a BNCC precisa ser mais do que apenas uma tentativa de modernizar o currículo. É necessário ter objetivos pedagógicos ambiciosos, com um compromisso claro de que a educação brasileira atingirá padrões de países desenvolvidos. Ilona Becskeházy destaca que, com um currículo bem estruturado e mais recursos bem alocados, o Brasil pode fazer uma revolução educacional. Assim, a chave para o sucesso está em garantir que as políticas educacionais tenham como meta a alfabetização precoce. Com a leitura fluente e escrita de textos curtos sendo exigidas já no 1º ano do Ensino Fundamental. Ao contrário do que ainda acontece em muitas escolas brasileiras, onde a alfabetização só ocorre efetivamente no 3º ano.
Portanto, o Brasil precisa de um currículo que seja realmente inovador, desafiador e alinhado com os melhores modelos do mundo. A sociedade brasileira deve exigir currículos que não sejam apenas uma adaptação do que já está posto. Mas que ofereçam uma verdadeira transformação no aprendizado de nossas crianças.
Participe da Mudança na Educação Brasileira
Em resumo, a construção de um futuro mais próspero e justo passa pela educação. Isso começa com um currículo nacional bem elaborado e com objetivos claros. Agora é a hora de exigir mais, para que o Brasil finalmente atinja os padrões internacionais que nossos estudantes merecem. Clique aqui para saber mais sobre como você pode contribuir para essa transformação no currículo e na educação brasileira.