O Ministério da Educação recuou após as pesadas críticas relacionadas à decisão de não incluir história mundial no novo currículo escolar nacional para dar ênfase às partes de história africana e indígena. No entanto, as modificações ainda mantêm o texto da proposta aquém daquilo que deve ser uma diretriz importante do sistema de educação do país.
O primeiro ponto a ser criticado é o viés adotado pelos técnicos do MEC para a seleção dos temas de cada uma das disciplinas, como argumenta Paulo Silvino, professor Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo: “Eu acho que é muito equivocado a gente deixar quaisquer temáticas de fora quando a gente sabe que os alunos têm todo o direito a ter acesso a todo conteúdo possível, para que a partir desse contato, eles possam criar seu próprio senso crítico. Existem alguns movimentos, que eu acho extremamente equivocados, que acham que na escola não se deve discutir política, falo isso porque a história é uma área que nos permite fazer isso, portanto acreditam que não se deve discutir algumas questões, como se nós pudéssemos de certa maneira simplificar, como se esses temas mais importantes pudessem prescindir dos outros”.
Para o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Araújo Oliveira, o plano elaborado pelo Ministério da Educação para o novo currículo escolar, da forma como está sendo conduzido, é um erro: “Você não consulta professores antes de já ter um currículo articulado. Você consulta os professores para ver a adaptabilidade da proposta à realidade. Mas não nessa fase inicial, em que já está se costurando as ideias. É uma questão de falta de experiência do País. Ninguém faz currículo em dois meses como fizeram aqui, é questão de anos. Mais uma vez o Brasil é vitima da pressa de querer fazer algo que deveria levar tempo”. Oliveira diz que aqui no Brasil cada fase deveria ser pensada individualmente, respeitando necessidades específicas.
Os especialistas ouvidos dizem que faltou um debate sério para a elaboração do texto da Base Nacional Comum Curricular, que deverá ser encaminhado pelo Ministério da Educação até o meio do ano para o Conselho Nacional de Educação.
A seguir, escute a reportagem completa: