Para ler a reportagem original, clique aqui.
Mais dinheiro nem sempre rende melhores alunos no Brasil
O Impacto dos Investimentos em Educação no Desempenho Escolar
Primeiramente, é importante entender que mais recursos na educação nem sempre garantem melhores resultados. Isso se confirma em uma análise realizada pelo IDados, que comparou os dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014 com o investimento por aluno em diferentes unidades da federação. Os resultados revelam que o valor investido não é um fator determinante para a qualificação dos alunos.
O Exemplo do Amapá: Investimento Sem Retorno
À primeira vista, o caso do Amapá é um exemplo claro de que mais investimento não significa mais aprendizado. O estado investe 6,3 mil reais por aluno, o que o coloca como o quarto maior investimento per capita no Brasil. No entanto, o Amapá ficou em último lugar no ranking de desempenho do Enem 2014, mostrando que o aumento dos recursos não resultou em uma melhoria proporcional nos resultados educacionais.
O Caso do Distrito Federal: Investimento Superior, Mas Com Desempenho Semelhante
Além disso, o Distrito Federal, que investe três vezes mais do que a média nacional por aluno, apresenta um desempenho superior ao de muitas outras redes estaduais. Contudo, as notas médias dos alunos ainda ficam próximas das pontuações de estados que investem menos, indicando que, embora o investimento seja relevante, ele não é o único determinante para o sucesso educacional.
Santa Catarina: Menos Investimento, Melhores Resultados
Por outro lado, estados como Santa Catarina demonstram que menos recursos não significam necessariamente piores resultados. Santa Catarina investe menos por matriculado no sistema público, mas seus alunos obtiveram o sexto melhor desempenho no Enem 2014, desafiando a ideia de que mais dinheiro é sinônimo de melhores resultados.
A Necessidade de Reavaliar o Uso dos Recursos Públicos
Em síntese, os dados sugerem que simplesmente aumentar os gastos no sistema educacional não se traduz em resultados melhores. Como afirma Paulo Rocha e Oliveira, presidente do IDados, “antes de discutir aumento de gasto, é preciso definir como esse dinheiro será usado”. Isso implica que, além de aumentar os investimentos, é fundamental reformular estratégias e aplicar os recursos de forma mais eficaz para que a qualidade da educação realmente melhore.
Estados | Custo Aluno | Ranking Custo Aluno | Nota média nas provas objetivas/ escolas estaduais | Ranking nas provas objetivas/escolas estaduais |
---|---|---|---|---|
Distrito federal | 15.241,24 | 1 | 503 | 2 |
São Paulo | 7.776,67 | 2 | 506 | 1 |
Espirito Santo | 7.094,54 | 3 | 483 | 10 |
Amapá | 6.375,52 | 4 | 459 | 27 |
Goiás | 6.240,09 | 5 | 479 | 12 |
Mato Grosso Sul | 6.232,67 | 6 | 489 | 8 |
Roraima | 6.145,16 | 7 | 466 | 21 |
Acre | 6.025,01 | 8 | 461 | 26 |
Sergipe | 5.861,43 | 9 | 467 | 20 |
Pernambuco | 5.840,32 | 10 | 484 | 9 |
Paraná | 5.729,23 | 11 | 496 | 5 |
Maranhão | 5.710,75 | 12 | 462 | 24 |
Rio de Janeiro | 5.630,13 | 13 | 493 | 7 |
Tocantins | 5.458,33 | 14 | 461 | 25 |
Rio Grande Norte | 5.258,44 | 15 | 468 | 18 |
Rio Grande Sul | 5.180,51 | 16 | 500 | 3 |
Ceará | 5.106,24 | 17 | 471 | 17 |
Piauí | 5.067,96 | 18 | 464 | 23 |
Alagoas | 4.731,93 | 19 | 468 | 19 |
Minas Gerais | 4.680,59 | 20 | 497 | 4 |
Santa Catarina | 4.669,13 | 21 | 495 | 6 |
Mato Grosso | 4.552,17 | 22 | 475 | 14 |
Paraíba | 4.414,27 | 23 | 471 | 15 |
Rondônia | 4.171,34 | 24 | 479 | 11 |
Bahia | 4.107,04 | 25 | 479 | 13 |
Amazonas | 4.070,17 | 26 | 466 | 22 |
Pará | 3.616,72 | 27 | 471 | 16 |
O Impacto do Nível Socioeconômico Familiar
Além disso, o estudo aponta que o nível socioeconômico familiar é um fator determinante para a qualificação dos alunos. O coeficiente de correlação entre essas duas variáveis chega a 0,794 (em uma escala de 0 a 1), indicando que, mais do que os recursos públicos, as condições sociais e familiares são determinantes para o sucesso educacional dos estudantes.
O Caminho para a Melhoria da Educação
Portanto, é claro que investir mais dinheiro na educação não garante automaticamente melhores resultados. O foco deve ser em como e onde esses recursos são aplicados, priorizando a qualidade e a eficácia dos investimentos. Além disso, é imprescindível que o sistema educacional também leve em consideração os fatores socioeconômicos para promover uma educação mais igualitária e eficiente.
Acesse aqui e leia mais artigos como este.
Estados | Índice Socioeconômico (ISE) | Ranking ISE | Nota média nas provas objetivas/ escolas estaduais | Ranking nas provas objetivas/ escolas estaduais |
---|---|---|---|---|
São Paulo | 5,36 | 1 | 506 | 1 |
Santa Catarina | 5,33 | 2 | 495 | 6 |
Paraná | 5,13 | 3 | 496 | 5 |
Rio Grande Sul** | 5,08 | 4 | 500 | 3 |
Distrito federal | 4,86 | 5 | 503 | 2 |
Mato Grosso Sul | 4,65 | 6 | 489 | 8 |
Rio de Janeiro | 4,64 | 7 | 493 | 7 |
Minas Gerais* | 4,49 | 8 | 497 | 4 |
Mato Grosso | 4,29 | 9 | 475 | 14 |
Goiás | 4,21 | 10 | 479 | 12 |
Rondonia | 4,21 | 11 | 479 | 11 |
Roraima* | 4,11 | 12 | 466 | 21 |
Espirito Santo | 4,09 | 13 | 483 | 10 |
Amapá | 4,01 | 14 | 459 | 27 |
Amazonas | 3,97 | 15 | 466 | 22 |
Tocantins | 3,64 | 16 | 461 | 25 |
Acre | 3,61 | 17 | 461 | 26 |
Bahia | 3,47 | 18 | 479 | 13 |
Pernambuco | 3,46 | 19 | 484 | 9 |
Rio Grande Norte* | 3,23 | 20 | 468 | 18 |
Sergipe | 3,16 | 21 | 467 | 20 |
Alagoas** | 3,13 | 22 | 468 | 19 |
Paraíba | 2,98 | 23 | 471 | 15 |
Pará | 2,96 | 24 | 471 | 16 |
Maranhão | 2,86 | 25 | 462 | 24 |
Ceará | 2,66 | 26 | 471 | 17 |
Piauí | 2,65 | 27 | 464 | 23 |