Educação Exige Reformas Estruturais Urgentes: Mais Dinheiro Não Basta
Antes de tudo, é importante lembrar que quem protestou por melhorias no ensino e já guardou as faixas acreditando que os royalties do pré-sal para a educação resolverão o problema talvez tenha comemorado cedo demais. Embora o projeto aprovado pelos deputados (ainda pendente no Senado) preveja R$ 280 bilhões para a educação, esses recursos só terão impacto real se resolvermos as questões estruturais que limitam o avanço da educação no Brasil. Como destaca João Batista Araújo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, “não adianta nada colocar mais dinheiro se ele continua sendo mal gasto”.
O Plano Nacional de Educação e a Prioridade dos Investimentos
Primordialmente, é essencial definir como aplicar esses recursos. O Plano Nacional de Educação (PNE), criado para sugerir estratégias e estabelecer metas de qualidade, permanece parado no Congresso desde 2010. O PNE propõe objetivos como a universalização da educação dos 4 aos 17 anos e a implementação do ensino em tempo integral para pelo menos 25% dos estudantes. No entanto, países como Coreia do Sul, Irlanda e Chile só avançaram quando deixaram os interesses políticos e ideológicos fora das decisões. Assim, alcançaremos um pacto focado em ensinar bem a todos os alunos, independentemente da classe social ou ideologia.
Educação Básica em Foco: Distribuição Eficiente dos Recursos
Analogamente, a comparação com outros países da OCDE ilustra bem o cenário brasileiro. Enquanto o Brasil destina 5,6% do PIB à educação, perto da média da OCDE (6,3%), a aplicação desses recursos é desigual. Nos países desenvolvidos, o investimento no ensino básico é consideravelmente maior, alcançando R$ 17.600 anuais por aluno, enquanto o Brasil gasta apenas R$ 6.000. Portanto, priorizar os primeiros anos da educação básica no Brasil é essencial para garantir uma base sólida de aprendizado.
A Importância de um Currículo Unificado e Bem Estruturado
Além disso, a falta de um currículo unificado no Brasil impede que os alunos tenham um ensino consistente. Nos Estados Unidos, por exemplo, um sistema descentralizado utiliza um currículo central para organizar o ensino de forma uniforme. Dessa maneira, os professores sabem exatamente o que ensinar, as faculdades podem alinhar a formação dos docentes, e os livros didáticos apresentam conteúdos padronizados. Com isso, as avaliações nacionais ganham eficácia, avaliando os estudantes com base em conteúdos comuns.
Investimento no Professor: Valorização Baseada no Mérito
Em seguida, investir na formação de professores é vital, mas não apenas por meio de trabalho. Um plano de carreira estruturado e baseado em méritos é essencial para atrair e reter profissionais específicos. Como afirma Cleuza Repulho, presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação, “o professor precisa saber que, quanto mais ele estudar e se dedicar, mais ganhará”. Ou seja, valorizar a dedicação e o desenvolvimento constante é crucial para construir um quadro docente forte e preparado.
Gestão Eficiente: Profissionalização nas Redes de Ensino e Escolas
Por fim, uma gestão escolar eficiente, com colaboração entre municípios, estados e o governo federal, deve ser uma prioridade. Redes de ensino bem-sucedidas, que mantêm um padrão de qualidade em todas as escolas, investiram na profissionalização dos gestores. Esse processo garante que diretores competentes sejam selecionados para liderar as escolas, melhorando os resultados educacionais em larga escala.