Licença-maternidade ou aposentadoria antecipada? O verdadeiro impacto na primeira infância e na Previdência
Antes de mais nada, se recém-nascidos pudessem votar, eles optariam por uma licença-maternidade prolongada ou por uma aposentadoria antecipada para suas mães? Agora, embora a questão pareça hipotética, a resposta tem consequências reais. Nesse sentido, o debate sobre a reforma da Previdência frequentemente ignora um ponto essencial: a primeira infância e o impacto que uma mãe presente pode ter no desenvolvimento das crianças.
O que os dados dizem?
Em primeiro lugar, nos países da OCDE, a média da licença-maternidade é de 20 semanas, mas pelo menos dez nações já oferecem pacotes que chegam a um ano ou mais, combinando licença-maternidade e paternidade. Analogamente, essa estratégia reforça a importância da presença dos pais no início da vida da criança, priorizando o vínculo afetivo e o desenvolvimento cognitivo. Do mesmo modo, enquanto isso, a antecipação da aposentadoria das mulheres não é comum, dado que a expectativa de vida feminina costuma ser maior que a dos homens.
Os benefícios de uma licença-maternidade estendida
Antes de tudo, a amamentação exclusiva até os seis meses traz ganhos comprovados: fortalece a imunidade, reduz riscos de doenças e ainda pode contribuir para um aumento de até oito pontos no QI da criança. Além disso, a relação materna nos primeiros anos de vida é essencial para o desenvolvimento emocional e social.
Ainda assim, o argumento de que as creches são a melhor solução para as crianças não se sustenta plenamente. Afinal, estudos indicam que, para a maioria das crianças, creches de boa qualidade têm pouco impacto no aprendizado inicial e no desenvolvimento socioemocional. Contudo, apenas crianças em situação de vulnerabilidade se beneficiam significativamente dessas instituições – e, mesmo assim, apenas se forem de excelência. Analogamente, não por acaso, países desenvolvidos priorizam outras formas de apoio às famílias, como programas de visitação domiciliar e incentivos à leitura e interação.
Previdência e primeira infância: uma relação de longo prazo
Desde já, investir na primeira infância significa investir no futuro da Previdência. Crianças que crescem em um ambiente estável e seguro tendem a ter melhor desempenho escolar, maiores salários na vida adulta e menos problemas de saúde. Portanto, isso significa menos pressão sobre os sistemas de assistência e seguridade social no futuro.
Para que a extensão da licença-maternidade seja viável, algumas condições podem ser adotadas. Por exemplo, um teto de benefício garantiria a distribuição equitativa dos recursos, enquanto contrapartidas poderiam incentivar a educação dos pais, como cursos de puericultura e manutenção da Caderneta de Saúde Infantil atualizada.
Conclusão: políticas de longo prazo para soluções sustentáveis
Acima de tudo, a Previdência deve ser pensada como uma política de longo prazo. Afinal, o melhor caminho para uma velhice mais saudável e produtiva é garantir uma infância com bases sólidas. Analogamente, políticos frequentemente se sensibilizam com as pressões do presente, mas é o futuro que deve guiar as decisões. Por fim, o silêncio dos “sem voto” – os bebês – precisa ser ouvido. E sua melhor resposta seria: invistam na primeira infância.
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