José Morais propõe reescrita da BNCC para aprimorar a alfabetização no Brasil
Antes de mais nada, José Morais, renomado pesquisador português em alfabetização, destacou a necessidade urgente de reescrever a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Durante o Webnário Conaler, promovido pela Fundação Observatório do Livro e da Leitura, ele afirmou que o atual documento contém equívocos graves que comprometem a qualidade da educação no Brasil. De antemão, ele enfatizou que corrigir esses erros é fundamental para garantir uma alfabetização eficaz e alinhada às evidências científicas.
Primeiramente, Morais ressaltou que a BNCC precisa ser consistente, prática e compreensível, atributos que, segundo ele, estão ausentes na versão atual. Ele destacou que a ciência já oferece respostas claras para questões educacionais que o documento ignora ou apresenta de forma equivocada.
Problemas fundamentais na BNCC
Sobretudo, José Morais apontou erros cruciais no conteúdo da BNCC. Um dos problemas mais graves é a definição incorreta de fonemas, um conceito central na alfabetização. Segundo ele, fonemas não são sons, mas unidades mínimas da estrutura fonológica da língua. Ainda assim, a BNCC falha em explicar essa diferença, o que compromete a formação de professores e o aprendizado dos alunos.
Além disso, ele criticou a separação entre alfabetização e ortografização proposta pela BNCC. O documento sugere que a alfabetização ocorre nos dois primeiros anos de ensino formal e que a ortografização é um processo posterior e mais longo. Contudo, Morais explicou que essas etapas não se separam na prática, mas acontecem simultaneamente. Dividir esses processos, segundo ele, atrasa o progresso dos estudantes e cria confusão nos educadores.
A idade ideal para alfabetização
Em diálogo com João Batista Araújo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, Morais abordou a idade ideal para a alfabetização. Ele afirmou que alfabetizar aos 6 anos, no primeiro ano do ensino formal, é perfeitamente compatível com o desenvolvimento infantil. Nesse sentido, ele explicou que, com uma abordagem adequada, as crianças podem se tornar leitoras autônomas em um ano escolar, ainda que a fluência total se desenvolva posteriormente.
Além disso, ele destacou a importância da literacia emergente antes da alfabetização formal. Essa fase envolve o contato precoce com livros, letras e atividades que promovem a consciência fonológica. Ele enfatizou que, em contextos de pobreza, essas práticas são ainda mais essenciais para compensar a falta de estímulos no ambiente familiar.
O papel do método fônico
Morais defendeu o método fônico como a abordagem mais eficaz para alfabetizar crianças, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social. Ele citou estudos que comprovam que o método fônico acelera o aprendizado e ajuda crianças de contextos menos favorecidos a superar defasagens educacionais. Em comparação com o método global, conhecido no Brasil como construtivista, o método fônico apresenta resultados superiores em termos de leitura e escrita.
Um chamado à ação coletiva
Finalmente, José Morais convocou especialistas, educadores e a sociedade civil a se mobilizarem para reescrever a BNCC de forma mais científica e prática. Ele afirmou que, quando algo está claramente errado, é necessário refazer do zero e buscar a excelência. Ele incentivou diferentes setores a se organizarem para pressionar por um currículo nacional alinhado às necessidades reais da educação brasileira.
Assista ao Webnário completo
Confira a íntegra do Webnário Conaler no YouTube:
Webnário Conaler com José Morais.
Por fim, reescrever a BNCC é essencial para garantir uma alfabetização de qualidade no Brasil. A educação, quando fundamentada na ciência, transforma vidas e reduz desigualdades sociais.