O município sergipano de Itabaianinha alcançou, no início de 2020, a marca de 100% de alunos alfabetizados ao final do 1º do Ensino Fundamental. O avanço do índice de alfabetização é reflexo de uma série de medidas adotadas ao longo dos últimos anos pela Secretaria Municipal de Educação, como a implementação de avaliações periódicas e a nucleação de escolas, que diminuiu drasticamente as turmas multisseriadas, ou seja, aquelas em que alunos de diferentes anos estudam juntos.
Segunda cidade mais populosa do estado de Sergipe, Itabaianinha realizou o primeiro diagnóstico dos seus alunos em 2017, ano em que iniciou uma parceria com o Instituto Alfa e Beto. Dentre os problemas identificados à época, estava o grande número de alunos não alfabetizados ao final do 1º ano – 359 dos 489 avaliados não sabiam ler nem escrever.
Para reverter o quadro, o Secretário de Educação, Thiago Carvalho, em conjunto com os demais profissionais da rede municipal, iniciou uma série de ações visando à melhoria da qualidade da educação oferecida pelo município.
Um dos principais pontos de mudança foi a implementação de um sistema rigoroso de avaliação, com foco na alfabetização e na leitura. Reconhecer as letras do alfabeto, identificar variações de sons de grafemas e ler frases inteiras são algumas das habilidades que passaram a ser avaliadas no 1º ano, por exemplo.
“É por meio dessas avaliações que os professores verificam que alunos precisam de um acompanhamento maior. Assim, conseguimos alcançar o índice de 100% das crianças alfabetizadas ao final do primeiro ano em três anos de trabalho”, explicou o Secretário.
Para a professora Marbene Costa dos Santos, do 1º ano do Ensino Fundamental da Escola Santa Joana D’Arc, as avaliações implementadas “fortaleceram o trabalho diário em sala de aula”, trazendo informações valiosas para guiar as políticas pedagógicas da cidade.
No começo de 2017, cerca de 74% dos alunos de Itabaianinha não liam com fluência ao final do 1º ano do Ensino Fundamental. No ano seguinte, esse número caiu para 13%, e em 2020 foi reduzido a zero.
De acordo com Thiago Carvalho, o ensino estruturado foi essencial também para a evolução dos números. “A parceria com o Instituto Alfa e Beto trouxe a estruturação do ensino. Ou seja, todas as nossas escolas contam com aulas planejadas. Os professores sabem exatamente o que vão ensinar em cada dia. Isso é essencial para a boa prática pedagógica”, explica.
Outro desafio era lidar com as salas de aula multisseriadas. Simone Santos Hora da Silva, coordenadora do programa Alfa e Beto no município, explica que o aprendizado dos alunos ficava comprometido.
“As aulas não contemplavam as habilidades previstas no planejamento anual, pois os professores do Ensino Fundamental tinham que preparar suas aulas pensando em diversas séries. Muitas vezes, isso significava dar mais ênfase a um determinado grupo em detrimento de outros”, diz.