Em artigo publicado nesta segunda, 1º de junho, no jornal O Estado de S. Paulo, João Batista Oliveira fala das incertezas sobre a volta às aulas. O que as evidências científicas ensinam sobre situações como a atual em que as aulas presenciais foram canceladas em razão da pandemia de covid-19?
Primeiro, os danos tendem a incidir de maneira desigual sobre os alunos. “Primeira infância e alunos ainda não alfabetizados serão os mais afetados no longo prazo. São os menos autônomos para aprender. Há um momento certo para certas aprendizagens, especialmente no início da vida”, escreve o professor.
Segundo, a recuperação se dá a longo prazo, não no imediato. “Aumentar dias e horas de ensino não se confirma como estratégia promissora, especialmente se consistir em mais do mesmo e, pior ainda, se implicar doses maciças que acabam prejudicando a retenção e fixação das novas aprendizagens”, orienta.
Terceiro, as estratégias que promovem saltos qualitativos de qualidade dependem de uma série de condições que não se encontram presentes no cenário educativo brasileiro, e, particularmente, no cenário e no horizonte das políticas educacionais e dos parâmetros dentro dos quais operam as redes públicas de ensino.
Das estratégias que podem funcionar com ou sem pandemia, a principal tem a ver com o uso do tempo disponível. “É fundamental assegurar a frequência escolar – mais barata e mais eficaz de todas as estratégias, especialmente com alunos de maior risco de reprovação e deserção”, exemplifica.
Para o presidente do Instituto Alfa e Beto, até aqui o que se viu tem sido muita improvisação, busca de soluções inviáveis, promessas e cobranças impertinentes: repor integralmente o calendário escolar e as horas-aula previstas na lei, apelar para as tecnologias.
“Nada disso parece ter chances de ajudar de maneira significativa a recuperar o tempo perdido. As evidências sugerem caminhos que, se bem planejados e implementados, podem ajudar a reduzir os prejuízos. E, quem sabe, fugir da improvisação, da mediocridade reinante, e promover estratégias mais eficazes, inclusive para a operação regular das escolas no longo prazo”, conclui.
O presidente do Instituto Alfa e Beto tem realizado palestras a pedido de instituições e de secretarias municipais de educação sobre estratégias que podem ser adotadas durante e após a quarentena para atenuar os prejuízos causados pela paralisação das aulas.
Uma iniciativa importante do Instituto Alfa e Beto nesse sentido foi a realização de diversos cursos gratuitos à distância, de que participaram – e participam – milhares de professores de centenas de municípios.
No retorno às aulas, um ponto fundamental tanto para as escolas quanto para as redes de ensino será a avaliação do aprendizado dos alunos. Como lidar com as lacunas de conhecimento geradas nos meses em que as escolas permaneceram sem aulas presenciais? Essenciais, tanto o diagnóstico quanto o planejamento de aulas são trabalhados há mais de 15 anos pelos programas do Instituto Alfa e Beto.
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