Fluência de Leitura: A Ponte Entre a Alfabetização e a Compreensão
Antes de tudo, o que acontece após a alfabetização de uma criança? Essa foi a questão central levantada pelo professor João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, durante sua palestra para educadores e técnicos da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME-RJ), em 3 de outubro. Em sua apresentação, ele destacou a necessidade de um currículo robusto que prepare os alunos para usar a língua de forma autônoma e crítica.
O Currículo e Seus Objetivos
Em primeiro lugar, Oliveira enfatizou que, ao término do 1º ano do Ensino Fundamental, a criança deve ser capaz de ler e escrever palavras e textos simples com razoável correção ortográfica. Ainda assim, a fluência plena não é imediata e precisa ser trabalhada ao longo dos anos.
Logo após a alfabetização, os objetivos se dividem em curto, médio e longo prazo. Inicialmente, é necessário automatizar a leitura e a escrita para que a criança desenvolva fluência. Esse processo ocorre nos primeiros anos do Ensino Fundamental I e é crucial porque permite que o cérebro concentre seus esforços na compreensão e análise textual, metas a serem alcançadas no médio prazo.
Além disso, Oliveira destacou a importância de expor os alunos a textos variados de ficção, não ficção e gêneros diversos ao longo do Ensino Fundamental II. Dessa forma, os estudantes desenvolvem a capacidade de leitura crítica e ampliam seu repertório cultural.
Finalmente, no longo prazo, o objetivo é que os alunos usem a língua como ferramenta para refletir sobre o mundo e interagir de forma autônoma.
Construindo um Currículo Claro e Eficiente
Para garantir o alcance dessas metas, Oliveira ressaltou a necessidade de um currículo bem estruturado. De acordo com ele, o ensino da língua deve se apoiar em três pilares fundamentais: leitura, escrita e expressão oral.
Ainda mais, é necessário trabalhar conteúdos como ortografia, pontuação, gramática e semântica de maneira integrada. Ele também destacou o papel das habilidades metacognitivas, que ajudam os alunos a reconhecer quando não compreendem um texto e a buscar estratégias para solucionar o problema.
Analogamente, Oliveira mencionou práticas comuns em outros países, como a definição de leituras obrigatórias. Essas listas asseguram que todos os alunos tenham acesso a um repertório comum de conhecimentos culturais e sociais.
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O Papel da Fluência
Sobretudo, a fluência de leitura foi apontada como “a ponte que conecta a alfabetização à compreensão”. Ela engloba três dimensões principais:
- Velocidade: O número de palavras lidas por minuto.
- Erro: Menos erros garantem uma leitura mais fluida e compreensível.
- Prosódia: A interpretação adequada do texto com base na pontuação e na sintaxe, refletindo compreensão.
Além disso, Oliveira explicou que a fluência permite que o aluno leia com naturalidade, sem esforço, liberando a mente para processar e interpretar informações complexas. Ele destacou que essa habilidade deve ser ensinada de maneira sistemática e progressiva na escola.
Por exemplo, ele sugeriu que a leitura automática, sem preocupação com detalhes básicos, como a forma das letras, permite ao aluno focar na compreensão e no significado do texto.
Conclusão
Em conclusão, Oliveira destacou que a fluência é um elemento essencial para formar leitores autônomos e críticos. Portanto, investir em currículos bem planejados, avaliações consistentes e materiais adequados é fundamental para garantir que os alunos desenvolvam plenamente suas habilidades de leitura e escrita.
Por fim, ele lembrou: “Ninguém nasce sabendo ler e compreender, mas todos podem aprender se forem ensinados adequadamente.” Essa é a essência de um ensino de qualidade que prepara para os desafios do mundo moderno.