Nota do Instituto Alfa e Beto:
Este artigo foi publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia
Os responsáveis pelas decisões em educação estão diariamente diante de dilemas sobre o que ensinar, como ensinar e motivar o aluno, como recrutar professores e incentivá-los, como prevenir e lidar com a violência nas escolas ou alunos com baixo nível de desempenho.
Parte dessas decisões é tomada com base em regras, tradições, que, por sua vez, decorrem de hábitos do passado. Analisando os resultados gerais da escola, no Brasil, podemos concluir que a qualidade dessas escolhas deixa muito a desejar. Um rápido olhar sobre a experiência dos outros países – que deram certo na área de educação – nos alerta para a implantação de critérios mais adequados. Por que não atuar baseado em tais evidências?
É fato que decisões nunca são fruto de racionalidade, apenas. São contaminadas por diversos outros fatores, como, por exemplo, as pressões políticas e/ou corporativistas, a má qualidade ou falta de informação, o açodamento, os interesses escusos, a formação de quem decide, o estado de um determinado sistema, seja de uma sala de aula, escola ou rede de ensino. E métodos científicos também não são infalíveis, nem capazes de responder a todas as nuanças de um processo educativo.
Mesmo assim, há saber acumulado que pode operar como indutor de boas decisões, passíveis de serem tomadas em todos os níveis da educação.
Esse processo foi muito ampliado nas últimas três décadas com a evolução do conhecimento científico sobre o desenvolvimento humano, sobre o desenvolvimento do cérebro e também com o enorme avanço dos instrumentos, métodos e técnicas de pesquisa em ciências sociais. Ou seja, tanto na pedagogia quanto nas ciências da educação dispomos, hoje, de uma base sólida de critérios para avaliar a qualidade de uma informação.
Educação baseada em evidências ou, na prática, o que funciona em educação é o critério do jogo de êxito. Combinando evidências científicas obtidas por meio de estudos sólidos e conhecimentos empíricos sobre as melhores práticas, é possível aos professores, educadores e responsáveis pelas políticas em educação tomar decisões mais bem fundamentadas e com muito mais chance de produzir impacto positivo na aprendizagem dos alunos, nos efeitos da escola e no bom uso de recursos para a educação.
Não se trata de invenção de suposta modernidade. Mas de novas e melhores regras para avaliar o que fez, faz ou pode fazer diferença. Por exemplo, sabemos como e quando alfabetizar crianças, como o hábito de ler para crianças desde cedo ajuda no desenvolvimento do vocabulário, como elaborar um currículo para as escolas e como um bom currículo pode ajudar um sistema de ensino a melhorar, como prever e reduzir os efeitos negativos da violência, que variáveis explicam o sucesso de um professor, como devemos recrutá-los ou como organizar sistemas de remuneração e incentivos para professores ou por que divulgar os resultados das escolas em testes padronizados pode contribuir para melhorar a educação.
Não custa olhar o que os países mais desenvolvidos estão fazendo para uma educação bem sucedida. Às vezes, é melhor do que eternamente reinventar a roda.