Em entrevista para este site, Marcos Antônio Parente Elvas Coelho, prefeito da cidade de Bom Jesus, no sudoeste piauiense, fala sobre a parceria da Secretaria Municipal de Educação com o Instituto Alfa e Beto e também sobre os resultados positivos que o município vem colhendo na área de educação, em especial no segmento de alfabetização e nas avaliações da Prova Brasil.
Com quase 24 mil habitantes e a 635 quilômetros de Teresina, Bom Jesus – parceiro do Instituto Alfa e Beto desde 2015 – tem obtido importantes avanços na educação de suas crianças e jovens.
Na prova de Matemática da Prova Brasil, a média das notas dos alunos do 5º ano passou de 180,1 em 2013 para 210 em 2015 e 229,4 em 2017. Já no 9º ano, as notas subiram de 237,6 (2013) para 251,7 (2015) e 278,6 (2017).
Em Língua Portuguesa, a média das notas do 5º ano passou de 168,79 em 2013 para 201,68 em 2015 e 222,99 em 2017. No 9º ano, a média das notas passou de 234.65 (2013) para 242,99 (2015) e 264,89 (2017).
Vamos à entrevista:
. Que avaliação o senhor faz da educação municipal em Bom Jesus? Que avanços o senhor poderia destacar?
R: Costumo dizer que uma boa educação não se faz de uma hora para outra. Tem que ter um trabalho contínuo. Tem que fazer todo dia e durante um período significativo. Aliás, sempre. Não acredito em mudanças repentinas. Acredito em trabalho persistente. Durante a minha administração, o que temos conseguido é avançar mais rapidamente. Nesse processo, algumas parcerias foram essenciais, como a que temos com o Instituto Alfa e Beto. Para você ter uma ideia, começamos a trabalhar com o Instituto em 2015. Quando realizamos o primeiro teste de diagnóstico, tínhamos 70% das crianças do 3º ano não alfabetizadas adequadamente. Hoje, estamos alfabetizando acima de 80% no primeiro ano. E alfabetizando mesmo. Isso é resultado de muito trabalho de toda a equipe da Secretaria municipal de Educação. Nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), somos hoje o 8% IDEB do Estado do Piauí, com nota 6,3 (éramos o 17º em 2015, com nota 5,3). Na Prova Brasil, a nota em Matemática subiu de 209,97 em 2015 para 229,38 em 2017. Já em Língua Portuguesa, a nota subiu de 201,68 em 2015 para 222,99 em 2017. Foi uma evolução significativa.
Como o Instituto Alfa e Beto tem ajudado o município a avançar na área de educação?
R: Desde que implantamos aqui os programas do Instituto, passamos a ter um acompanhamento constante do trabalho realizado – um acompanhamento semanal, quinzenal, mensal. Temos hoje um diagnóstico mais preciso. Temos instrumentos de avaliação do que fazemos. O Instituto Alfa e Beto tem metodologias para analisar o que se pretende na área de educação. E o que pretendemos? Que o aluno aprenda. Para nós, o que interessa é se o aluno está aprendendo ou não. Como temos um acompanhamento muito eficaz, podemos corrigir o que deve ser corrigido. Ou seja, agimos preventivamente. Não adianta você chegar ao final do ano com um número significativo de reprovações. Você tem que identificar os problemas antes e agir. O aluno está na escola para ser aprovado, para aprender. Então, temos que criar as condições para que ele aprenda. Os instrumentos metodológicos do Instituto Alfa e Beto possibilitam que tenhamos diagnósticos precisos, avaliações permanentes e intervenções eficazes. Tudo isso no tempo certo. É um sistema de gerenciamento de todo o processo de aprendizagem. Outro ponto positivo da parceria com o Instituto é que não ficamos divagando… É tudo muito bem estruturado. Há planos de aulas muito bem preparados e objetivos. Tudo tem uma lógica. Tem começo, meio e fim.
Por parte dos professores, coordenadores e gestores, as avaliações em relação aos materiais do Instituto são positivas?
R: Essas questões fluíram naturalmente. Todos viram que a metodologia e os materiais do Instituto trouxeram – e trazem – bons resultados. A grande maioria dos professores e dos coordenadores, senão a totalidade, aderiu e aprova os programas do Instituto. Houve um primeiro momento de estranheza, de adaptação, de reação natural ao que é novo, mas hoje os profissionais que atuam em sala de aula fazem uma avaliação bastante positiva dos materiais desenvolvidos pelo Instituto Alfa e Beto.
Como o senhor se sente como gestor de uma cidade que tem um dos melhores sistemas de educação pública entre os 224 municípios do Piauí, segundo a Prova Brasil?
R: Satisfeito com o resultado que conseguimos e com inveja do primeiro lugar. Porque queremos ser o primeiro. Esse é o objetivo.
Quais são as perspectivas para o futuro da educação de Bom Jesus e que segmentos devem ser priorizados nos próximos anos?
R: Primeiro, acredito que estamos no caminho certo e que o que está sendo feito precisa ter continuidade. Ainda tenho cerca de dois anos de administração – fico até o final de 2020. Então, é importante que haja um esforço para que esse trabalho fique realmente incorporado e internalizado nas pessoas. Principalmente os professores, que devem se apropriar desses processos para que não haja uma descontinuidade. A educação precisa ser tratada com muita responsabilidade. Às vezes vejo no país e no próprio estado muita divagação. E educação é uma coisa muito séria, com que não se pode brincar. Vou muito mais vezes na secretaria de educação do que na sede da prefeitura, e me parece que isso tem sido positivo. Quero ver resultados concretos. Quero saber se o aluno realmente está sendo alfabetizado. Devemos trabalhar com base em prioridades – na alfabetização, no aprendizado da matemática e do português. Se for alfabetizado no tempo certo, se tiver um bom aprendizado de português e de matemática, o aluno tem muito mais chances de sucesso no aprendizado de outras matérias depois. O que um aluno vai aprender de História se não consegue entender bem o que está lendo? Por isso, quando falo de alfabetização, estou me referindo a uma alfabetização de verdade, que é o aluno ler e efetivamente entender o que está vendo no texto. Por isso, é muito importante priorizar. Se fizermos isso continuamente, vamos chegar onde queremos. Nesse sentido, o que espero é deixar um legado positivo nesses oito anos de administração. Espero que outros possam continuar esse trabalho com um olho na gestão e com o outro no aprendizado do aluno, em sala de aula. Sou engenheiro civil e construo prédios. Os professores são muito mais importantes, porque constroem gente, transformam jovens. E essa é a forma mais eficaz de se transformar uma sociedade, de torná-la mais feliz, mais igualitária, mais consciente em relação aos direitos e deveres. É isso que espero estar fazendo em Bom Jesus com esse trabalho na área de educação. Juntamente com o Instituto Alfa e Beto, espero sinceramente estar contribuindo com esse processo de transformação da sociedade, que é longo e difícil.