Ensinar Vai Muito Além do Conteúdo: Uma Conversa com Adele Diamond
Antes de mais nada, a neurocientista canadense Adele Diamond ressalta que focar apenas no conteúdo escolar não é suficiente para garantir o sucesso no aprendizado. Ela afirma que, se as necessidades emocionais, sociais e físicas das crianças são ignorantes, a excelência acadêmica se torna inatingível. Professora da Universidade British Columbia, Diamond apresentará suas ideias sobre uma abordagem integrada no ensino no seminário Educação Infantil: Evidências Científicas sobre as Melhores Práticas , promovida pelo Instituto Alfa e Beto em São Paulo.
A Trajetória de Adele Diamond em Neurociência e Educação
Em primeiro lugar, Diamond iniciou sua jornada acadêmica nas áreas de sociologia e antropologia, mas decidiu migrar para a neurociência ao perceber que o desenvolvimento cognitivo das crianças envolve um componente essencial de maturação cerebral. Com isso, direcionou suas pesquisas ao estudo do córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pelas funções executivas, como controle da atenção, memória de trabalho, raciocínio, resolução de problemas e flexibilidade cognitiva. Para ela, essas habilidades são cruciais para o sucesso acadêmico e pessoal, mas precisam de um ensino que vá além do conteúdo convencional.
Funções Executivas e o Impacto no Aprendizado
Diamond explica que as funções executivas, como o autocontrole e a capacidade de foco, afetam diretamente o desempenho escolar. Ela observa que as práticas tradicionais de ensino, centradas em conteúdo, dominam essas habilidades. Além disso, destaca que o desenvolvimento social, emocional e físico das crianças, em contrapartida, potencializa o aprendizado. Em outras palavras, uma abordagem integrada no ensino permite que as crianças cresçam cognitivamente de maneira mais completa.
Como Promover o Desenvolvimento Cognitivo, Físico e Emocional
Para Diamond, incentivar o desenvolvimento completo das crianças não exige tecnologias caras. Em primeiro lugar, ela sugere o uso de jogos e brincadeiras como ferramentas fundamentais para o aprendizado nas salas de aula. Já para os estudantes do ensino médio, Diamond recomenda projetos práticos, como restaurar um carro antigo para ensino físico. Essas atividades, além de envolver os princípios da disciplina, promovem a cooperação entre os alunos e criam um ambiente de aprendizagem comunitário e colaborativo.
Valorizando a Criatividade e a Resolução de Problemas
Além disso, Diamond critica o foco das avaliações escolares na memorização de conteúdos, defendendo que a educação deve estimular o pensamento crítico e criativo. Ela sugere que os relatórios escolares incluam a capacidade dos alunos de explorar novas ideias e resolver problemas, independentemente de acertos imediatos. Para Diamond, essa mudança promoveria um desenvolvimento mais sólido e prepararia os alunos para desafios futuros.
O Papel da Saúde Social, Emocional e Física na Educação
Diamond enfatiza que ignorar esses aspectos comprometem o córtex pré-frontal, área fundamental para o raciocínio e a memória. Ela explica que crianças com dificuldades físicas ou físicas têm menos controle cognitivo, apresentam problemas de memória e enfrentam desafios com a disciplina. Para Diamond, um sistema educacional eficaz deve valorizar o aluno em todas as suas dimensões, fazendo com que o desenvolvimento emocional e social seja tão importante quanto ao conteúdo acadêmico.
Como Incentivar Alunos a Assumir Riscos e Explorar Novas Ideias
Diamond acredita que um ambiente seguro e acolhedor é essencial para que as crianças se sintam encorajadas a explorar novas ideias. Ela sugere que os relatórios escolares incluam indicadores que avaliem a disposição dos alunos de se arriscar e explorar o desconhecido. Essa prática, segundo Diamond, constrói a confiança e a resiliência para enfrentar os desafios de aprendizagem.
Conselhos para Professores Brasileiros
Diamond oferece aos professores algumas recomendações essenciais para um ensino eficaz:
Em primeiro lugar, é fundamental que os alunos se sintam compreendidos. Ela afirma que a empatia do professor é mais poderosa do que o conhecimento acadêmico.
Além disso, os professores devem transmitir confiança no potencial de cada aluno, promovendo um ambiente positivo.
Ainda mais, Diamond destaca que as crianças aprendem melhor em movimento, e não deveriam ficar sentadas por longos períodos.
Finalmente, ela aconselha evitar punições e reforços negativos, pois esses métodos podem inibir a confiança e o interesse das crianças. Em vez disso, Diamond sugere encorajar a cooperação entre alunos, que, em muitos casos, gera melhores resultados do que a instrução direta do professor.
Por fim, Diamond lembra aos educadores que o aprendizado é um processo contínuo. Aceitar as próprias imperfeições e aprender com os erros permite que os professores relaxem e cresçam em sua jornada.
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