Desperdícios na educação e crises fiscais
Antes de mais nada, é essencial avaliar como as políticas públicas no Brasil poderiam se beneficiar de uma análise de custo/benefício. O recente fechamento da Farmácia Popular, com o redirecionamento dos recursos diretamente à compra de medicamentos, é um exemplo claro. Antecipadamente, essa decisão revela a necessidade de uma abordagem semelhante para reduzir desperdícios na educação.
O Custo Financeiro da Reprovação Escolar
Primeiramente, a reprovação escolar no Brasil destaca-se como uma prática custosa e ineficiente. Segundo dados recentes do INEP/MEC, aproximadamente 10% dos alunos do ensino fundamental e médio são reprovados anualmente, representando quase 3 milhões de estudantes. Isso implica um desperdício anual superior a 9 bilhões de reais, equivalente a 6% do orçamento dedicado a esses níveis de ensino. Ainda assim, essa prática persiste em todas as etapas do sistema educacional.
Agora, ao analisar os números, percebemos que as taxas de reprovação são alarmantes. Por exemplo, no 1º ano do ensino médio, nenhuma Unidade da Federação reprova menos de 10% dos alunos, com algumas ultrapassando os 25%. Mesmo nos anos finais do ensino médio, as taxas permanecem altas. Apesar disso, não há evidências de que a reprovação melhore o desempenho acadêmico. Pelo contrário, alunos que repetem apresentam, em média, notas inferiores em avaliações nacionais como a Prova Brasil.
Os Efeitos Negativos da Reprovação em Massa
Além disso, a reprovação afeta diretamente a trajetória escolar dos alunos e o custo-benefício do sistema educacional. Analogamente, os impactos emocionais e sociais também são severos, incluindo a redução da autoestima e o aumento das taxas de evasão escolar. Em outras palavras, a reprovação em massa penaliza tanto os estudantes quanto a economia do país, evidenciando a necessidade urgente de reformular essa prática.
A Resistência à Eficiência na Gestão Educacional
Ainda assim, os desperdícios não se limitam à reprovação. Projetos ineficazes, como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, continuam sendo financiados, mesmo sem resultados comprovados. Além disso, políticos e empresários frequentemente defendem o aumento de recursos para a educação sem priorizar a eficiência na gestão. Conforme visto no caso da Farmácia Popular, decisões baseadas em evidências poderiam trazer mais impacto do que simplesmente alocar mais recursos.
Um Chamado por Reformas Estruturais
Em conclusão, o Brasil precisa adotar uma abordagem mais rigorosa para reduzir desperdícios e melhorar a eficiência no setor educacional. Dessa forma, será possível criar um ambiente favorável à aplicação de recursos de forma estratégica, priorizando resultados e impacto real na vida dos estudantes. Portanto, é imprescindível que as próximas eleições tragam à tona candidatos comprometidos com reformas estruturais e eficiência na educação, garantindo um futuro mais promissor para o país.
Publicado dia 28 de Julho de 2017 no Valor Econômico.
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