Covid-19, Desigualdades Raciais e o Impacto da Reabertura das Escolas
Primordialmente, a pandemia da Covid-19 escancarou desigualdades estruturais da sociedade brasileira, afetando de maneira desproporcional os mais vulneráveis. Acima de tudo, a população negra enfrenta os maiores desafios, com desvantagens históricas agravadas pelo contexto pandêmico. Nesse cenário, a educação surge como um pilar fundamental para enfrentar essas desigualdades, mas a reabertura das escolas, essencial para mitigar essas lacunas, encontra resistência no Brasil.
Desempenho Escolar e Raça: Os Dados por Trás das Desigualdades
Antes de mais nada, é importante entender as causas das disparidades no desempenho escolar. Segundo o pesquisador Guilherme Hirata, em análise publicada no blog da consultoria IDados, as diferenças de desempenho entre alunos negros e brancos têm muito mais relação com o nível socioeconômico (NSE) do que com a cor da pele. Por exemplo, na Prova Brasil de Matemática do 5º ano, negros apresentam uma desvantagem média de 9,6 pontos em relação a brancos. Contudo, 8,1 desses pontos são explicados pelo NSE, deixando apenas 1,5 pontos ligados à raça. Ainda assim, essa diferença é significativa, representando quase 20% de um desvio padrão.
Apesar disso, o jornalista Antônio Gois sugere que intervenções focadas nas desigualdades raciais podem contribuir para mudanças. Um estudo citado por ele, de autoria de David Quinn, aponta que alocar professores negros para alunos negros poderia reduzir disparidades raciais. Todavia, a aplicação prática dessa estratégia no Brasil apresenta sérios desafios.
Professores Negros e o Impacto no Ensino
Analogamente ao que ocorre em outros países, a ideia de aproximar professores negros de alunos negros poderia parecer uma solução simples. Entretanto, as complexidades do sistema educacional brasileiro demonstram que essa abordagem pode gerar efeitos negativos. Dados do Censo da Educação Básica indicam que cerca de 35% a 40% dos professores e 40% dos alunos são pretos ou pardos. Embora haja uma proporcionalidade, outros fatores precisam ser analisados.
Por exemplo, as notas médias no ENEM mostram uma disparidade significativa entre candidatos brancos (530,5 pontos) e negros (493,1 pontos). Como muitos professores vêm de cursos de pedagogia, cuja base de candidatos está no limite inferior dessa distribuição, é possível que essa diferença influencie negativamente a qualidade do ensino, independentemente de questões raciais.
Além disso, a segregação por critérios raciais pode gerar divisões ainda mais profundas. Em contextos como os Estados Unidos, essa abordagem é frequentemente defendida por grupos extremistas e resulta em consequências prejudiciais à integração social.
Foco em Soluções Viáveis e Inclusivas
Definitivamente, enfrentar desigualdades raciais exige soluções que transcendam o politicamente correto. Conforme alerta o pesquisador Simon Schwartzman, é essencial concentrar esforços em medidas viáveis que atendam ao interesse comum. O foco deve ser na melhoria do nível geral de desempenho acadêmico e em estratégias inclusivas, que beneficiem todos os alunos.
Nesse sentido, a reabertura das escolas é o primeiro passo crucial. Sobretudo para grupos historicamente marginalizados, como a população negra, cada dia fora das salas de aula aumenta as perdas educacionais e sociais.
O Desafio da Reabertura das Escolas no Brasil
Enquanto muitos países priorizam a retomada das aulas presenciais, o Brasil reluta em seguir o mesmo caminho. Essa resistência penaliza ainda mais os mais vulneráveis, perpetuando desigualdades e comprometendo o futuro de milhões de crianças e adolescentes. Afinal, a pandemia expôs desigualdades que já existiam, mas a solução passa por ações práticas e urgentes.
Enfim, como avançar?
A educação é a chave para superar séculos de injustiças sociais. Portanto, é fundamental que políticas públicas priorizem a reabertura segura das escolas, com estratégias de suporte aos mais afetados.
Leia mais sobre como podemos enfrentar essas desigualdades no blog do Instituto Alfa e Beto. Junte-se à discussão e ajude a transformar o futuro da educação no Brasil!