No Brasil, é comum falarmos da má qualidade dos serviços, sejam estes públicos ou privados. E é comum também falarmos da má gestão (ou gestão ineficiente), sobretudo no setor público. Quando dizemos que a saúde vai mal, que não há segurança nas ruas, que o trânsito está caótico, que os transportes urbanos não funcionam, estamos nos referindo à dificuldade do poder público de oferecer serviços de qualidade. Crises hídricas e energéticas são um exemplo disso. Portanto, a má gestão não é um problema específico da educação.
Menos comum é entendermos que a gestão é apenas o final da linha. Não é justo culpar os diretores – ou Secretários de Educação – por tudo que acontece de errado na educação ou nas escolas. É verdade que falta boa gestão. Mas antes de gestão, faltam boas políticas. Faltam boas regras. Faltam mecanismos que viabilizem uma boa gestão. O que o gestor público muitas vezes pede ao secretário ou cobra dos diretores não é boa gestão: são milagres.
Quando o diretor chega à escola, já existem normas elaboradas pela Secretaria. Existem professores contratados dentro de regras do município. Há diretores que chegam a escolas cuja secretaria não tem um regimento comum, nem currículos. O diretor, por sua vez, muitas vezes surge por caminhos tortuosos, como a indicação política, a eleição ou outros critérios que dificultam o exercício de uma gestão eficaz. Mas tudo isso foi decisão da Secretaria.
Ou seja, para melhorar a gestão das escolas é preciso, antes, melhorar a gestão das secretarias. E para isso é preciso repensar a sua natureza, estrutura e função – e isso não é algo que se faça da noite para o dia. Por isso, nesta série de posts sobre como transformar a educação, melhorar a gestão é considerado um item de médio prazo – não é algo que se consiga revolucionar em pouco tempo, mas sem ela não é possível alcançar resultados no longo prazo.
Gerir uma escola não tem segredo. No Brasil, temos exemplos de escolas bem gerenciadas, que conseguem lograr resultados adequados. Dentre as escolas públicas, há algumas centenas que chegam a resultados espetaculares, levando em conta o perfil de seu alunado. Gerenciar uma escola não tem segredo, e, se segredo existe, é um segredo de Polichinelo. O que o Brasil ainda não aprendeu a fazer é gerenciar redes de escola.
Saiba mais sobre essas e outras questões no Guia De boas Práticas do Instituto Alfa e Beto, que está disponível para download gratuito.