Não é raro professores encontrarem alunos que se frustram com a dificuldade de solucionar um problema de Matemática e proclamam: “eu simplesmente não sei por onde começar, não sou uma pessoa de Matemática”. Contudo, de acordo com um texto publicado neste mês pela Universidade Harvard, a ideia de que existem “pessoas de Matemática” e “pessoas que não são de Matemática” é apenas uma construção social e não baseada em evidências.
Segundo Noah Heller, docente de Harvard, essa ideia deriva da crença de que a inteligência Matemática é uma característica inata, e não algo que cresce e se desenvolve com muito trabalho e oportunidades para aprender. Ele defende que desmistificar esse conceito pode ajudar professores a criarem atividades que promovam a perseverança em todos os alunos.
Quando os alunos proclamam que não são pessoas de Matemática, “isso é uma indicação de que eles se sentem fora da Matemática, que a Matemática não pertence a eles”, explica Heller. “Quando os alunos dizem que não são ‘pessoas de Matemática’, eles querem dizer que não veem a Matemática como uma prática útil que pode ajudá-los a interpretar e navegar pelo mundo”, afirma.
A publicação da universidade, que possui uma das melhores escolas de educação do mundo, mostra que os professores podem usar algumas medidas para ajudar os alunos a desenvolver uma mentalidade de crescimento, baseada na persistência para alcançar o sucesso (em Matemática, neste caso). Abaixo, reproduzimos quatro estratégias que os professores podem usar para ajudar alunos com aversão a Matemática:
- Incentivar a participação, mesmo que o aluno não tenha a resposta certa ainda
“Se há uma ameaça de errar cada vez que eu levanto minha mão, e estar errado é considerado uma coisa ruim, logo eu vou decidir que a Matemática não é para mim, pois vou pensar que eu não sou uma pessoa inteligente”, comenta Heller. Para reverter esse pensamento, os professores precisam enxergar as respostas erradas dos alunos como oportunidades de aprendizagem. Quando um aluno participa, ele não precisa sentir certeza de ter a resposta certa – apenas precisa estar confiante de que partilhar com os colegas suas teorias vai ajudá-lo na direção certa.
- Oferecer chances para o aluno lidar com os problemas
As aulas de Matemática em geral são focadas em fazer com que os alunos encontrem os resultados corretos dos exercícios. Mas alguns problemas levam tempo para serem compreendidos. Por isso, os professores devem dar aos alunos a oportunidade de interpretar problemas complexos em sua própria maneira, e eles devem incentivar os alunos a experimentar uma nova abordagem se eles se encontram em beco sem saída.
- Criar oportunidades para a aprendizagem conjunta
Quando os estudantes aprendem uns com os outros, discutindo estratégias de resolução de problemas, eles descobrem novas técnicas para os problemas que se aproximam e novas atitudes que ajudam a perseverar.
- Apresentar a Matemática como uma forma de linguagem
Professores de Matemática, diz Heller, podem trabalhar para criar aulas nas quais os alunos tenham a oportunidade de construir conhecimento útil para seu universo. Para promover esse ambiente, Heller compara as aulas de Matemática com as de linguagem: é preciso estar conectado com a realidade e entrelaçar os ensinamentos a elementos práticos do cotidiano.
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