Conheça a história de Brejo Santo, no Ceará, e as práticas que estão transformando a educação do município. Brejo Santo e seu prefeito, Guilherme Sampaio Landim, conquistaram o primeiro lugar do Prêmio Prefeito Nota 10, uma iniciativa pioneira do Instituto Alfa e Beto que visa identificar e premiar municípios com alto grau de municipalização de qualidade no Ensino Fundamental. Eles vão receber o prêmio no valor de 200.000 reais.
Confira:
Em Brejo Santo, no sertão do Cariri cearense, 99,6% das crianças do 1o ano encerraram o ano de 2013 lendo e escrevendo. Uma vitória. Nas séries seguintes do Fundamental, a situação não é muito diferente. Entre 2007 e 2013, o IDEB local Santo saltou de 3,0 para 7,2, enquanto, no plano nacional, as redes municipais passaram de 4,0 para modestos 4,9.
Esse pequeno município de 47 mil habitantes, há 510 quilômetros de For- taleza, perto da fronteira com a Paraíba, é a prova viva de que com os recursos disponíveis para educação é possível fazer muito mais – e melhor – do que o Brasil vem fazendo. Afinal, com uma renda per capita quatro vezes menor que a média nacional, Brejo Santo consegue que seus alunos do Fundamental tenham desempenho escolar duas vezes e meia superior à média do País. A rede tem 3% de reprovação nos anos iniciais e 11% nos finais, embora a média para aprovação seja 6.
“Não é projeto mágico. Só fazemos com amor, focados na aprendizagem da criança”, diz a Secretária de Educação, Jaqueline Braga Mendes. Ela afirma que o professor tem planejado o que vai acontecer, sabe qual o objetivo de cada aula e todas as classes de uma mesma série estão trabalhando com a mesma rotina. Jaqueline atesta que, desde que a atual administração assu- miu, a rede garante os 200 dias letivos obrigatórios, uma realidade que vale “do Pré ao 9o ano”.
A rede municipal, desde 2012, atende 100% da demanda por vagas em creches e pré-escolas, cujos professores têm capacitação específica para planejar e implementar em sala uma rotina lúdica focada no desenvolvimento da criança. Cada classe do Pré tem um auxiliar, para não comprometer a rotina, se o professor se ausentar. Os inves- timentos nessa faixa etária tiveram impacto positivo no desempenho no Fundamental, conclui-se.
Influiu igualmente para o êxito a junção de capacitação, apoio pedagógico permanente e responsabilização dos professores combinada ao reconhecimento e cobrança dos resultados, medidos a cada passo por avaliações externas, que servem para planejar as ações da rede, de cada escola e classe, além da recuperação dos alunos defasados.
Mensalmente, os professores passam um dia na Secretaria preparando as roti- nas e os conteúdos dos próximos 30 dias de aulas. Divididos por série do 1o ao 5o, planejam a partir dos materiais didáticos fornecidos pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) do governo do Ceará (anterior e inspirador do PAIC Nacional), mas complementam, adaptam e definem como serão trabalhados. Do 6o ao 9o, os docentes são divididos por áreas. No início do ano, reúnem-se para escolher os livros do MEC que usarão, buscando unificar a seleção para facilitar o planejamento coletivo.
Essas formações na Secretaria são feitas por equipe capacitada para tra- balhar cada nível de ensino, inclusive a Educação Infantil. Esta mesma equipe visita as escolas para acompanhar a evolução de cada classe. “Antes, tínhamos que nos virar, sozinhos, com o livro do MEC”, diz o professor Francisco Irisvan, da Escola Afonso Tavares de Lima, matemático.