BNCC e os Descaminhos da Alfabetização no Brasil: Um Alerta para o Futuro da Educação
Alfabetização: Um Tema Central e Negligenciado
Antes de mais nada, a alfabetização se destaca como um dos pilares fundamentais da educação. Contudo, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada recentemente, apresenta graves falhas em sua abordagem. Segundo João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, o capítulo de alfabetização não só ignora as evidências científicas, mas também compromete o direito de milhões de crianças de se alfabetizarem no primeiro ano do ensino fundamental.
Uma História de Erros Persistentes
Ao longo dos últimos 20 anos, as políticas educacionais promovidas pelo Ministério da Educação (MEC) têm perpetuado equívocos na alfabetização. Desde os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), adotados no final dos anos 1990, as orientações curriculares ignoram comparações com modelos internacionais bem-sucedidos e estudos científicos sólidos. Em 2010, por exemplo, a Academia Brasileira de Ciências publicou um relatório detalhado com soluções baseadas em ciência cognitiva, amplamente ignorado pelo MEC.
Além disso, os resultados decepcionantes nas avaliações nacionais, como a ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), e internacionais, como o Pisa, ilustram a magnitude do problema. Apesar desses alertas, os currículos seguem desatualizados e desconectados das práticas que funcionam.
As Três Versões da BNCC: Avanços e Retrocessos
Conforme João Batista, as versões da BNCC ilustram a desorientação do MEC. Nas duas primeiras versões, conceitos fundamentais como decodificação e fluência de leitura foram tratados de forma tímida e confusa. Embora a terceira versão tenha demonstrado algum avanço, a última versão aprovada piorou significativamente, retornando a erros conceituais antigos e introduzindo novas falhas.
A Falta de Diálogo e a Influência Ideológica
Ainda mais preocupante, o processo de construção da BNCC reflete a predominância de abordagens ideológicas e a ausência de diálogo com a comunidade científica. As audiências públicas promovidas pelo MEC e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) não possibilitaram debates reais, limitando-se a atender pressões de grupos de interesse.
Um Caminho Baseado em Evidências
Apesar disso, o Brasil possui pesquisadores e programas alinhados às mais recentes descobertas da ciência cognitiva, capazes de transformar a alfabetização no país. Infelizmente, essas iniciativas não recebem o devido espaço nos currículos nacionais. Segundo João Batista, falta disposição para ouvir especialistas e implementar mudanças baseadas em evidências.
Conclusão: Um Alerta para Evitar um Novo Desastre Educacional
Por último, é urgente repensar as estratégias de alfabetização na BNCC. O Brasil está prestes a repetir erros históricos que comprometem o futuro das crianças e, consequentemente, do país. Para mudar essa realidade, é essencial ouvir a ciência e promover debates que busquem soluções reais.
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Este artigo foi publicado hoje, 15 de dezembro, no jornal O Globo. Clique aqui para acessar na íntegra.