BNCC do ensino médio: mais uma chance perdida
Antes de tudo, é fundamental destacar que o Brasil mais uma vez deixa passar a chance de promover reformas educacionais consistentes. Primeiramente, os programas de alfabetização nas últimas décadas já ignoraram evidências científicas, e o mesmo ocorreu com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) dos ensinos Infantil e Fundamental, elaborada de forma apressada. Agora, a BNCC do Ensino Médio segue o mesmo caminho, frustrando expectativas de mudança significativa.
Logo após sua entrega ao Conselho Nacional de Educação (CNE) pelo Ministério da Educação (MEC), especialistas apontaram diversas fragilidades no documento. Apesar de sugerir uma tímida diversificação curricular, a proposta mantém uma abordagem inchada e academicista, ignorando as tendências mais eficientes adotadas por sistemas educacionais de países desenvolvidos.
Críticas fundamentadas de Simon Schwartzman
Em primeiro lugar, o sociólogo Simon Schwartzman analisa o documento em um artigo publicado no O Estado de S. Paulo. Ele critica o MEC por não adotar plenamente a ideia de diversificação curricular. Conforme sua avaliação, a proposta adia qualquer avanço significativo, transferindo a responsabilidade para governos futuros.
Além disso, Schwartzman destaca que a BNCC substitui a divisão disciplinar do conhecimento por uma abordagem baseada em competências e habilidades. Embora esse modelo seja útil em treinamentos práticos, ele é questionável para processos educativos mais amplos. Ou seja, a proposta ignora as realidades do ensino e as necessidades dos estudantes.
Interdisciplinaridade e desafios na prática
Ainda assim, a ideia de interdisciplinaridade na BNCC recebe destaque, mas carece de aplicabilidade. Segundo Antonio Gois, jornalista e colunista do O Globo, mesmo na Finlândia, referência mundial em educação, essa transição foi conduzida de forma cautelosa e gradual. Ele lembra que o Conselho Nacional de Educação da Finlândia esclareceu que o objetivo do novo currículo era incentivar o trabalho interdisciplinar, mas sem eliminar as disciplinas.
Nesse sentido, Gois alerta que o Brasil enfrenta desafios ainda maiores, especialmente pela falta de apoio aos professores e de alinhamento entre as políticas educacionais e as demandas dos educadores. Assim como nos Estados Unidos, reformas bem-sucedidas só ocorrem com suporte intensivo aos docentes e amplo engajamento da sociedade.
Os principais obstáculos da implementação no Brasil
Agora, o cenário brasileiro evidencia sérias limitações na implementação da BNCC. Apesar da intenção de modernizar o ensino, o documento não apresenta estratégias claras para resolver os problemas fundamentais da educação. Frequentemente, mudanças estruturais exigem planejamento robusto, o que não está presente na proposta.
Além disso, o apoio aos professores, essencial para que as reformas se concretizem, é negligenciado. Sem treinamento adequado e sem recursos suficientes, os docentes dificilmente conseguirão implementar as diretrizes da BNCC de forma eficaz.
Reflexões finais sobre a BNCC do Ensino Médio
Em conclusão, a BNCC do Ensino Médio representa mais uma oportunidade perdida para transformar a educação no Brasil. Como resultado, o país continua preso a modelos ineficientes, incapaz de adotar práticas que já demonstraram sucesso em outras nações.
👉 Leia mais sobre as críticas à BNCC nos artigos de Simon Schwartzman e Antonio Gois:
Por fim, sem apoio aos professores e foco em prioridades reais, a BNCC corre o risco de ser mais uma reforma que falha em impactar positivamente a educação no Brasil.
O site do Instituto Alfa e Beto agrega diversos artigos e reflexões sobre os desafios do Ensino Médio e da BNCC.