A revista Pátio Ensino Fundamental (Ano 22, Número 85, edição de fevereiro/abril de 2018) acaba de publicar um artigo assinado por José Morais e Régine Kolinsky, da Universidade Aberta de Bruxelas. O artigo, cujo título é “Mudar a educação no Brasil”, analisa a proposta de alfabetização da BNCC – Base Nacional Curricular Comum. Segue um trecho:
“A BNCC que foi recentemente aprovada é, no que respeito à alfabetização (e não só, mas é desta que falamos agora) bem mais inadequada e abstrusa que suas versões anteriores. Não só não se percebe a quem se destina (secretarias de educação? Direções de escola? Professores?), mas é inútil, e é até perniciosa. (…) Nem tudo o que a BNCC contém está errado, mas certas afirmações cruciais estão. A BNCC parte do reconhecimento da relação entre fonemas e grafemas, definidora do princípio alfabético. Porém, o seu texto não consegue explicar o que são fonemas (talvez porque os seus autores não o tenham compreendido) e avança uma equivalência inadmissível — “os sons da língua (fonemas)” —, quando é absolutamente indispensável que os professores saibam por que os fonemas não são sons, de maneira que os seus alunos compreendam ou intuam essa não equivalência”.
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Neste momento em que as redes estaduais e municipais de ensino se debruçam sobre as implicações da BNCC, é fundamental que os Secretários de Educação tenham a clarividência e a prudência de consultar especialistas na área, com formação científica e experiência comprovada. De outra maneira, vamos continuar a produzir o fracasso na alfabetização, pois as propostas da BNCC repetem os mesmos erros que vêm sendo cometidos pelo MEC e pelos especialistas que o orientam há décadas.