O conceito de educação baseada em evidências prevê que as práticas e os processos educacionais sejam embasados pelo que os estudos científicos mostram que funciona. Nem todo estudo é científico, nem tudo o que se chama “pesquisa” pode receber o nome de científico, nem toda publicação – ainda que realizada por pesquisadores de renome ou publicada por revistas acadêmicas – é considerada científica. Estudo científico implica o uso de metodologias rigorosas, sistemáticas e objetivas para obter conhecimento confiável e válido que explique as causas de um fenômeno.
No que diz respeito ao fenômeno da tecnologia nas escolas, as evidências coletadas em dezenas de estudos realizados na última década são bastante claras: distribuir computadores para as escolas não aumenta, por si, a aprendizagem dos alunos. O motivo é que os dispositivos eletrônicos, como computadores, tablets e smartphones, não são capazes de mobilizar os alunos. Se os professores das disciplinas básicas não os integrarem aos conteúdos, não haverá sucesso. Isso significa que ensinar computação, por exemplo, não vai ajudar o aluno a se desenvolver melhor.
Um estudo científico feito a partir da análise de uma parceria público-privada na Colômbia apontou exatamente essa questão. Foram entregues computadores às escolas públicas e os professores foram encorajados a usarem os programas, com treinamento sobre como utilizá-los no ensino de linguagem. Os resultados do projeto indicam que houve um aumento do número de computadores nas escolas, mas eles não tiveram qualquer impacto nos resultados dos testes dos alunos em nenhuma disciplina. A razão principal é que não houve diferença significativa na proporção de professores que usaram os computadores em sala de aula e, na prática, eles foram mais usados nas aulas de informática.
O oposto também é verdadeiro: quando aliada ao currículo, a tecnologia proporciona ganhos, pois ajuda na fixação dos conteúdos e também reforça o trabalho para reduzir as dificuldades dos alunos. Além disso, bons softwares educacionais fornecem avaliação sobre o nível da turma, informação que deve servir para intensificar o trabalho do professor. Um projeto realizado na Índia, por exemplo, avaliou um programa que proporcionou a alunos do 4º ano duas horas semanais de atividades compartilhadas para realizar jogos matemáticos calibrados de acordo com o nível de suas habilidades. O programa aumentou os resultados de matemática no 1º ano e no 2º ano de sua implementação. Ele foi igualmente eficaz para todos os alunos, e, um ano após o término do programa, estudantes de todos os níveis tiveram um desempenho em matemática superior a outras turmas.
O que isso quer dizer? Quer dizer que, programas bem desenvolvidos que impactam na rotina escolar, ou seja, no dia a dia dentro da sala de aula, podem produzir efeitos benéficos na aprendizagem. O aplicativo Galáxia Alfa, do Instituto Alfa e Beto, por exemplo, trabalha com crianças em fase de alfabetização, reforçando o conteúdo ensinado pelo professor em outras atividades, como leitura, ditado e escrita. Enquanto os tablets são utilizados por um grupo de alunos, o professor tem a possibilidade de trabalhar com outra parte do grupo, observando mais de perto as dificuldades de cada um – além de ter um relatório completo de desempenho do alunos, permitindo avaliar as fraquezas de casa um. Desse modo, aliado ao planejamento de aula, o aplicativo mostra seu impacto na alfabetização em poucos meses de uso. O dispositivo foi criado respeitando o que as evidências apontaram como mais eficazes para alunos nesta etapa do ensino.
Para saber mais sobre educação baseada em evidências, baixe gratuitamente o livro produzido no VI Seminário Internacional do Instituto Alfa e Beto, realizado em 2013. Além de mais evidências sobre o que funciona em relação à tecnologia em sala de aula, você também poderá conferir outros temas como número de alunos por sala, tempo integral, pagamento de bonificação a professores, entre outros, abordados sob a luz das evidências científicas.
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