Este post faz parte de uma série produzida pelo Instituto Alfa e Beto que irá desvendar em 20 capítulos a inteligência. Todas as segundas-feiras são publicados novos artigos neste espaço. Acompanhe! Clique aqui e veja todos os posts já publicados. Para ver o índice completo da série, clique aqui.
QI e as elites intelectuais | Capítulo 16
Primeiramente, nos estudos sobre a inteligência das populações, vimos que as diferenças no QI médio entre os países podem ser atribuídas. Em grande parte, ao grau de envolvimento e resposta dos países às exigências da Revolução Industrial. Particularmente ao uso do raciocínio abstrato, da lógica e dos princípios do método científico para resolver problemas novos e conhecidos. Embora essas análises revelem tendências gerais sobre o QI médio, um novo campo de estudo se dedica a explorar os resultados mais elevados na distribuição de desempenho.
A “Hipótese da Classe Intelectual”
Sobretudo, alguns pesquisadores focaram na análise dos extremos superiores da distribuição de QI e desempenho educacional. Dessa forma, considerando o impacto de populações com alto nível de engajamento nas áreas de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Assim, a hipótese da classe intelectual sugere que quanto maior a proporção de pessoas com desempenho acima de 95% em testes padronizados como o TIMMS e o PISA. Maior será o impacto dessa população no progresso científico e tecnológico do país.
Esses estudos têm como objetivo identificar os efeitos específicos da proporção de indivíduos altamente qualificados sobre indicadores econômicos e científicos. A princípio, a análise envolve medir o número de pessoas que excedem certos níveis de desempenho em testes de QI ou em exames educacionais internacionais e verificar o impacto dessas pessoas no progresso da sociedade.
Dados Comparativos: O Impacto dos “Melhores Alunos” no Crescimento Econômico
Em primeiro lugar, um estudo revelou que a correlação entre o número de patentes, o PIB e a percentagem de pessoas com QI superior a 140 pontos foi significativamente mais alta do que a correlação com o QI médio da população. Isso indica que as contribuições de indivíduos com maior capacidade intelectual têm um efeito direto no avanço econômico e tecnológico de uma nação.
Além disso, outro estudo comparou o impacto dos alunos que atingem altos níveis de desempenho (acima de 400 ou 600 pontos) em testes como o PISA e o TIMMS e concluiu que a participação desses alunos foi quatro vezes mais importante para o crescimento econômico do que a contribuição dos alunos que atingem apenas os níveis básicos de desempenho.
O Desempenho no Percentil 95 e seus Efeitos no Desenvolvimento do País
Em outro estudo, realizado entre 1995 e 2007, os pesquisadores analisaram os resultados de 90 países nos testes TIMMS (para o 8º ano) e PIRLS (para o 4º ano) e descobriram que os estudantes no percentil 95 (equivalente a um QI de 125 pontos) apresentaram melhor desempenho em várias áreas chave, incluindo atividades científicas e tecnológicas. Esses alunos estavam fortemente correlacionados com indicadores elevados de STEM, número de Prêmios Nobel em áreas científicas e número de cientistas no país.
Além disso, o estudo também indicou que os países com um maior número de cientistas e inventores eminentes ao longo da história, entre 800 a.C. e 1950 d.C., estavam mais bem posicionados em termos de avanços científicos e econômicos.
Fatores Sociais e Econômicos: O Papel da Liberdade Econômica e do Nível Educacional
Contudo, os dados também revelaram que o nível de liberdade econômica. Medido por fatores como direitos de propriedade, império da lei, impostos baixos, restrições comerciais e gastos governamentais reduzidos — estava fortemente relacionado com o desempenho desses alunos de alto nível. Além disso, o nível geral de educação de cada país, medido por uma soma de vários indicadores, também foi identificado como um fator relevante para o progresso científico e tecnológico.
Em outras palavras, a presença de um ambiente econômico e social mais liberal. Aliado a um alto nível educacional no país, cria as condições ideais para que os indivíduos com maior capacidade intelectual possam atingir seu potencial máximo, o que contribui diretamente para o desenvolvimento científico, técnico e econômico da nação.
A Importância do Nível Elevado em STEM para o Progresso Nacional
Finalmente, a pesquisa indicou que o nível elevado de desempenho em STEM nos alunos situados no percentil 95 foi o melhor preditor de sucesso em áreas como liberdade econômica e nível educacional. Isso demonstra que a preparação intelectual e científica dos alunos de alto desempenho tem um impacto muito maior do que outros fatores sociais e econômicos.
A Implicação para o Futuro: Fomentando uma Classe Intelectual no Brasil
Em resumo, esses estudos reforçam a importância de investir na Educação de Alta Qualidade. Ademais, na formação de uma classe intelectual bem preparada para contribuir com a inovação científica e econômica. Assim, criar condições que permitam o desenvolvimento de indivíduos altamente capacitados. Especialmente nas áreas de STEM, pode ser a chave para o progresso de uma nação no século XXI. O Brasil, por exemplo, precisa aumentar não apenas a quantidade de alunos com bom desempenho. Mas também investir em programas que favoreçam o desenvolvimento de talentos excepcionais.
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Cabe perguntar: o que veio primeiro, o desenvolvimento cognitivo ou o desenvolvimento das nações? Este é o assunto do próximo post.