O interesse por histórias é uma característica humana: todos nós nos interessamos por histórias reais e fictícias quando elas são bem contadas. E os bebês também, pois a partir das histórias que ouvem eles começam a perceber melhor o mundo, para além do que existe a sua volta. Através dos personagens das histórias, a criança começa a perceber como lidar com emoções e sentimentos. Além disso, ler ajuda a desenvolver a curiosidade, a imaginação, a criatividade, os sonhos.
Os livros infantis oferecem a chance de o adulto falar com a criança sobre situações, pessoas e coisas que não se encontram presentes naquele momento, isso em uma linguagem mais próxima da linguagem formal e escolar. Com isso, as crianças ampliam seu vocabulário, desenvolvem o raciocínio e, consequentemente, realizam mais conexões cerebrais, algo que terá impacto positivo em todos os aspectos de sua vida.
Em abril, a coaching e formadora do Instituto Alfa e Beto Flávia Lopes realizou um treinamento para pais no Centro de Recuperação Infantil (CREI) Ipanema, entidade no Rio de Janeiro que em parceria com o Instituto Alfa e Beto oferece Educação Infantil de qualidade para crianças de baixa renda. Durante o treinamento, Flávia ajudou a tirar uma série de dúvidas e ofereceu recomendações sobre como ler para bebês. A seguir, nós reproduzimos as principais recomendações, que podem ser usadas tanto por pais quanto por educadores que desejam incentivar a leitura entre seus alunos. Confira.
Quando ler?
Durante o treinamento com pais realizado no CREI (destaque na foto), Flávia explicou que a leitura não precisa acontecer só na hora de ir dormir. Os pais podem aproveitar momentos de descanso, hora do banho (com livros emborrachados), momentos de espera para uma consulta médica ou no ponto de ônibus. Até a hora da refeição pode ser mais animada com um livro, principalmente se as crianças estão na fase de introdução alimentar.
Como começar despertar o interesse pela leitura?
Flávia explica que a leitura deve ser estimulada mesmo antes de o bebê nascer, com ele ainda na barriga da mãe. “Isso já vai gerando um hábito e gosto pela leitura desde o início da vida. A cadência da fala, o tipo de linguagem e vocabulário, a estrutura das frases e o conteúdo em si, normalmente são diferentes do que costumamos usar no dia-a-dia, esses são alguns fatores que só a linguagem escrita pode fornecer. O quanto antes a criança puder ter acesso a linguagem escrita, mais ela terá chances de ter gosto pela leitura”.
Segundo a coaching, cada família pode encontrar dentro da sua rotina diária o melhor momento para leitura: durante as refeições, no banho (têm livros próprios para isso), na espera da consulta médica, no parquinho, antes dormir, entre outros. Qualquer hora e lugar é um bom momento para a leitura, desde que o adulto esteja disponível e engajado nessa atividade. “Cada família vai saber qual será o melhor momento para ela”.
Como ler?
Para responder a essa questão, Flávia oferece uma lista de recomendações, todas bastante práticas:
- Olhe o livro que será lido antes de começar com a criança e busque entender do que a história se trata. Se possível, ensaie a leitura antes.
- Leia conversando. A leitura deve ser envolvente, interativa. Deixe a criança pensar, falar, perguntar.
- Estimule a criança a observar as imagens e, aos poucos, as palavras.
- Deixe a criança pegar no livro e virar as páginas do jeito dela.
- Leia segurando a criança no colo, no sofá, no chão, onde for mais adequado.
- Faça perguntas e ouça as respostas da criança. Estimule, bata palmas, sorria, diga “muito bem” para as reações dela.
- Repita o que a criança diz e acrescente algo. Se a criança diz “bola”, diga, por exemplo: “bola bonita” ou “bola vermelha”.
- Responda fazendo novas perguntas: “A menina foi embora. Para onde será que ela foi?”
- Dê um tempo para a criança observar e pensar, antes de responder.
- Tenha paciência de esperar a resposta! Muitas vezes a criança ainda está pensando e nós, com pressa, a interrompemos.
- Leia exatamente o que está escrito. Esteja preparado para ler e reler os mesmos livros. As crianças levam tempo para aprender e adoram repetições.
- Leia com atenção, entusiasmo e entonação adequada ao texto.
- Converse antes e depois de ler. Como será o livro? O que será que vai acontecer nessa história? De que você mais gostou nesse livro?
- Guarde os livros ao alcance da criança.
- Ensine a criança a escolher, pegar, buscar, guardar e cuidar dos livros.
E se a criança não parar quieta durante a leitura?
É importante respeitar a movimentação da criança durante a leitura, afirma Flávia, que orienta também engajar a criança no processo da leitura. “Por exemplo, pedir para ela ficar responsável por virar as páginas ou explorar as imagens do texto. Envolvê-la a fundo na leitura ajuda a manter a concentração na atividade. É importante também ler com entusiasmo porque isso tende a prender a atenção da criança”, explica.
Tem que ler todo dia? Se não der para ler, é possível compensar ou estimular a criança de outra maneira?
Flávia explica que quanto mais o adulto conseguir ler para criança, melhor. “O livro além de tudo é um instrumento de interação entre os cuidadores e as crianças, então é importante que seja um momento prazeroso para eles. A leitura também tem uma função de manter vínculo e transparecer afeto. Caso o pai chegue cansado, por exemplo, talvez seja melhor ele pedir para outro adulto ler ou ele ler uma parte da história”. Ela afirma ainda que também é bastante útil ter livros com livre acesso para criança, em lugares que ela pode pegar para manusear quando desejar, isso ajuda a estimular a leitura.
O que ler?
A coaching recomenda as seguintes publicações para quem deseja garantir leitura completa para as crianças:
Guia IAB de Leitura: os 600 livros que toda criança deve ler antes de entrar para a escola.
Coleção Livros Gigantes: cative as crianças através desses livros
Coleção Minilivros: mais de 100 histórias para destacar e levar para qualquer lugar
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