Mudar a educação não é fácil. Se fosse, muitos já o teriam feito. Mas isso não quer dizer que seja impossível. Diversos sistemas educacionais mundo afora conseguem garantir que seus alunos deixem a escola tendo aprendido o necessário. Alguns municípios Brasil adentro também caminham na direção correta, mas dados da Prova Brasil nos mostram que, infelizmente, ainda não conseguimos oferecer ensino de qualidade para a população de nenhum município.
O que estas experiências – boas e ruins – têm a nos ensinar? A primeira lição é que é necessária vontade política por parte dos governantes. Educação é questão de decisão política. Portanto, as soluções devem vir por esta via. Diferentes atores – acadêmicos, profissionais, militantes, instituições da sociedade civil e pais – contribuem a partir de suas diferentes perspectivas, mas é a política que viabiliza, ou não, as mudanças. E para viabilizar, é preciso priorizar.
Isso não significa que os governantes precisam ser especialistas em educação, mas é verdade que eles precisam entender os fundamentos básicos da área. Não basta saber a nota que o município ou estado tirou no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). É preciso entender o que o leva a atingir uma determinada nota. Não basta escolher um secretário por – espera-se – critérios de competência. É preciso lembrar que quem responde perante a população é o governante.
A segunda lição é de que é preciso pressão social por parte dos eleitores para que a educação seja, de fato, prioridade de governo. Governantes – principalmente enquanto candidatos – são extremamente sensíveis às preocupações da população e, se ninguém reclama, o recado dado é de que as coisas vão muito bem, obrigado
E, de fato, pesquisas dão conta de que a percepção da população brasileira é de que a qualidade da educação é satisfatória. A escola oferecida aos filhos da maioria das pessoas é muito melhor do que a escola que elas tiveram – ou que abandonaram. Mesmo que os resultados sejam pífios, esse fato é inegável. Já a classe média e as elites se contentam em alcançar nas escolas privadas um diferencial apenas um pouquinho melhor do que a massa – e isso é o suficiente para garantir seus privilégios. Portanto, ainda não há pressão social para melhorar. E sem isso é difícil que os governos se mobilizem.
Se você é gestor público com vontade política e desejo de iniciar uma transformação na educação em seu município ou estado, ou se é um cidadão em busca de informação para promover pressão social sobre os gestores responsáveis pela educação em sua comunidade, conheça o Guia de Boas Práticas organizado pelo Instituto Alfa e Beto. O material, que pode ser baixado gratuitamente, foi a “fonte de inspiração” para uma série de posts que se inicia hoje.
Nos próximos posts, vamos explorar medidas que podem ser tomadas pelos gestores públicos no curto, médio e longo prazos, e que trilham um caminho de mudança rumo a uma educação de qualidade com equidade, fazendo com que todos os alunos aprendam o que eles têm o direito de aprender – e os governantes, o dever de garantir.
Vamos embarcar juntos nesta jornada? Até o próximo capítulo!
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