Aprender a ler não é algo natural
Por que aprender a ler não é natural?
Primeiramente, enquanto habilidades como engatinhar, falar e andar fazem parte do desenvolvimento natural do ser humano, a leitura não segue o mesmo caminho. Segundo Augusto Buchweitz, pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul, o aprendizado da leitura exige instrução específica. O cérebro humano não está naturalmente preparado para decodificar palavras, tornando necessária uma abordagem sistemática e científica.
O papel do método fônico
De acordo com evidências amplamente documentadas, o método fônico é a forma mais eficaz de alfabetizar. Esse método ensina as relações entre os sons e os símbolos ortográficos, permitindo que a criança compreenda a estrutura da língua. Ainda mais, esse método se mostra especialmente eficaz para crianças de ambientes desfavorecidos, que muitas vezes chegam à escola sem ter tido contato prévio com livros.
Preparar a criança antes da instrução formal
Antes de tudo, é essencial criar um ambiente rico em livros e histórias. Ler para a criança é a melhor maneira de prepará-la para o aprendizado da leitura. Nesse sentido, a pré-escola desempenha um papel fundamental ao oferecer um contexto de estimulação cognitiva e sensorial. Essa fase aproveita a plasticidade cerebral da infância, momento em que o cérebro está mais receptivo para aprender.
Ciência e evidências na alfabetização
De antemão, é importante destacar que a defesa do método fônico não é uma questão ideológica, mas sim científica. Neurocientistas como Stanislas Dehaene afirmam que o método fônico é a única abordagem que realmente funciona na alfabetização. Além disso, relatórios internacionais e cientistas como José Morais corroboram essas evidências, apontando a superioridade do método em relação a outras abordagens.
Desafios e críticas ao método fônico
Apesar disso, algumas críticas frequentes questionam a autonomia das escolas na adoção de um método específico. Contudo, especialistas argumentam que utilizar o melhor método disponível não limita a autonomia, mas sim melhora a eficácia do ensino. Outras críticas sugerem que alfabetizar aos seis anos pode ser prejudicial, mas não existem evidências que sustentem tal afirmação. Ao contrário, estudos mostram que essa é uma idade ideal devido à alta plasticidade cerebral.
Modernização do método fônico
Atualmente, o método fônico evoluiu. Países como Finlândia e França implementaram tecnologias como o software educacional Graphogame, que reforça as relações entre fonemas e grafemas. No Brasil, materiais didáticos atualizados e jogos pedagógicos têm sido utilizados para alinhar o ensino às melhores práticas internacionais.
Abrir portas para a ciência
Em suma, não adotar o método fônico significa ignorar as evidências científicas e comprometer o futuro educacional das crianças. Para garantir uma educação de qualidade, é fundamental abrir as portas da alfabetização para a ciência e, com isso, oferecer oportunidades iguais a todas as crianças, especialmente às mais vulneráveis.