A escola faz diferença? Essa pergunta pode, em um primeiro momento, causar estranhamento para alguns (principalmente para aqueles que, como nós, trabalham na área da educação). Mas ela não é uma questão trivial: durante muitos anos, as evidências levantadas por pesquisas sobre educação pareciam indicar que a escola não faz muita diferença – o desempenho dos alunos seria explicado muito mais pela condição de nascimento do que pelo que acontece nas escolas.
Entretanto, essa visão pessimista sobre a escola começou a mudar a partir da análise de outros estudos e publicações que indicavam efeitos constantemente positivos entre os fatores intra escolares e os resultados dos estudantes. O papel da escola é modesto, mas importante. E é mais importante nos países mais pobres do que nos países mais ricos. As pesquisas mostram que a escola é crucial para crianças que nascem em meios socioeconômicos desfavorecidos.
Fazer a diferença na vida dessas crianças, contudo, depende de um fator: a qualidade do atendimento escolar. O que faz diferença é o que acontece na escola, na sala de aula, e na interação com cada aluno.
O papel da escola na vida dos alunos é um dos temas abordados pelo livro Educação Baseada em Evidências: como saber o que funciona em educação, de João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, Gregory Elacqua, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e os pesquisadores Matias Martinez e Micheline Christophe. A publicação será lançada na próxima quarta-feira, dia 4 de novembro, e analisa à luz das evidências científicas temas que fazem parte do debate educacional atual como bônus por desempenho, o impacto de fatores socioeconômicos, como formar professores e diretores eficazes, modelos pedagógicos de impacto, dentre outros.
O livro mostra que gastos com educação, por exemplo, raramente estão associados a melhorias no desempenho do aluno, depois de atingido um determinado nível para assegurar o funcionamento adequado das escolas. De acordo com os autores, há um nível mínimo de recursos necessários para atrair e manter bons professores e oferecer um ambiente de trabalho adequado. Mas isso está menos associado ao volume de recursos gastos do que a forma como os recursos são gastos: não há grandes diferenças no desempenho de países que gastam 50 ou 100 mil dólares por aluno.
Outro tema que o livro discute é se as escolas privadas são melhores do que as públicas. De acordo com os pesquisadores, controlados os efeitos extraescolares (como nível socioeconômico e acesso a livros), na maioria dos países as escolas privadas não fazem muita diferença no desempenho escolar – mas podem fazer diferença na formação de atitudes, valores e nas redes sociais que os alunos carregam consigo ao longo da vida. Isso também vale para o Brasil.
Na próxima quarta-feira, os autores do livro participarão do IX Seminário Internacional do Instituto Alfa e Beto, que discutirá importância da Ciência para a educação. O evento será transmitido ao vivo pela internet. Para assistir, basta clicar AQUI (a transmissão se inicia às 17h do dia 4 de novembro).
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