Do que se trata
- Educação baseada em evidências é uma abordagem aos problemas educacionais que incorpora as evidências científicas na análise e formulação de políticas públicas e projetos de intervenção.
- Evidências científicas são qualificadas e calibradas por normas científicas referentes à metodologia usada nos estudos considerados. Isso inclui o rigor metodológico, a evidência comparativa e acumulada e a reputação e rigor dos conselhos editorais das revistas e publicações.
- A ciência evolui e da mesma forma evoluem as evidências. No mundo da ciência as evidências consideradas válidas são aquelas colhidas no contexto do paradigma científico dominante numa determinada área e dos critérios de validação definidos por esses paradigmas. O “tamanho do efeito” é um dos critérios relevantes – não basta que uma diferença entre grupos seja significativa, é preciso que ela seja robusta.
- No momento atual a “regra de ouro” são os estudos longitudinais e as evidências colhidas por meio de estudos controlados randomizados, que permitem inferências causais (e não apenas descrições, estudos de caso ou correlações). O contrafactual é requisito básico para demonstrar a eficácia de uma determinada intervenção.
- Na área da educação as evidências mais robustas provêm de estudos de validação de intervenções realizados por economistas (ou usando modelos econométricos) e por psicólogos, usando métodos experimentais complementados ou não por evidências oriundas da neurociência.
O que dizem as evidências
- Destacam-se como evidências mais robustas na área da educação:
- O desempenho escolar se deve muito mais a fatores extraescolares associados à família e origem dos alunos do que a fatores escolares.
- Fatores escolares são importantes mas sua eficácia e impacto interagem com os fatores extraescolares (por exemplo, indivíduos provenientes de camadas sociais mais baixas se beneficiam mais se estudam numa escola em que a maioria dos alunos fazem parte de uma camada social mais elevada).
- O fator escolar mais relevante para explicar/assegurar o sucesso escolar do aluno é o nível acadêmico do professor (e não o tipo ou conteúdo de sua formação)
- O método fônico é o procedimento mais eficaz para alfabetizar crianças e especialmente mais eficaz para alfabetizar crianças provenientes de ambientes socioeconômicos mais desfavoráveis.
- O tempo que o aluno passa estudando (em casa ou na escola) é diretamente correlacionado com o desempenho escolar. O que explica o ganho é o tempo investido em tarefas relevantes de aprendizagem, não o tempo de duração do dia escolar (por exemplo tempo integral por si só não melhora a aprendizagem).
O Instituto Alfa e Beto defende e propõe que:
- É imperativo facilitar e ampliar o acesso de pesquisadores aos microdados produzidos pelas agências governamentais, e, no caso da educação, especialmente microdados relacionados com demografia, emprego, renda e desempenho escolar. São esses dados que permitem realizar estudos para comprovar a eficácia de diferentes politicas e intervenções.
- Os governos em todos os níveis, as Universidades e as organizações não governamentais devem estabelecer e divulgar seus padrões para o reconhecimento de evidências em suas respectivas áreas de atuação.
- Recursos públicos só deveriam ser investidos (a) para avaliar de maneira adequada o desenvolvimento e/ou impacto de projetos e intervenções e (b) para financiar intervenções que comprovadamente tenha produzido resultados.
Principais publicações do Instituto Alfa e Beto sobre o tema:
2003 – Os novos caminhos da alfabetização infantil
2009 – I Seminário Internacional do IAB – Profissão professor: o resgate da pedagogia.
2011 – III Seminário Internacional do IAB: Ensino da Matemática nas Séries Iniciais.
2014 – VII Seminário Internacional do IAB: Como saber se o aluno foi alfabetizado?
2015 – VIII Seminário Internacional do IAB: Ensino da Língua e Formação de Professores
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