Especialista do Instituto Alfa e Beto explica o Método de Singapura
Primeiramente, é impossível ignorar os números alarmantes do desempenho dos estudantes brasileiros em Matemática, evidenciados pelo mais recente Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (TIMSS) . Em 2023, 51% dos alunos do 4º ano do Ensino Fundamental não aprenderam o básico nessa disciplina. Além disso, a média de desempenho do Brasil no 4º ano foi de apenas 400 pontos , colocando o país entre os cinco resultados piores do estudo. Já no 8º ano, a situação é ainda mais preocupante: com 378 pontos , o Brasil ficou em último lugar, empatado com Marrocos.
Diante desse cenário desafiador, o Instituto Alfa e Beto destaca a importância de compensar o ensino de Matemática e adotar novas abordagens. Entre elas, o Método de Singapura se apresenta como uma solução prática e eficaz para transformar essa realidade.
O que é o Método de Singapura?
Sobretudo, o Método de Singapura propõe uma revolução no ensino de Matemática ao priorizar a compreensão profunda dos conceitos fundamentais. Diferentemente das práticas tradicionais que focam na memorização de fórmulas e processos, essa metodologia ensina aos alunos a resolver problemas de forma prática e lógica. Conforme explica o professor Osmar Nina , especialista do Instituto Alfa e Beto, “clareza, rigor e precisão são os pilares essenciais da Matemática, e o Método de Singapura reflete essas características”.
Além disso, o método utiliza objetos concretos para auxiliar os alunos a entender os conceitos matemáticos de maneira visual e tangível. Ou seja, antes de decorar fórmulas, os estudantes são incentivados a desenvolver o raciocínio lógico por meio de situações do dia a dia. Essa abordagem pedagógica permite que o aprendizado se adapte ao nível cognitivo de cada criança, promovendo uma base sólida para o progresso acadêmico.
Por que o Método de Singapura funciona?
Em outras palavras, o sucesso do Método de Singapura é respaldado por décadas de resultados consistentes. Estudos realizados por instituições como a Universidade de Cambridge e o Instituto de Educação da Universidade College London (UCL) demonstram que essa metodologia melhora significativamente as habilidades matemáticas e a velocidade de raciocínio dos estudantes.
Além disso, um dos líderes dessa abordagem, o matemático Yeap Ban Har , explica que o uso de objetos reais faz com que as crianças compreendam os conceitos matemáticos antes mesmo de encontrarem a resposta final para os problemas. Assim como em Singapura, onde o método é amplamente adotado, essa prática tem o potencial de preparar alunos brasileiros para desafios mais complexos e exigentes.
O Brasil está preparado para essa transformação?
Atualmente, os resultados do TIMSS reforçam que o Brasil precisa de mudanças urgentes no ensino da Matemática. Nesse sentido, adotar o Método de Singapura não é apenas uma opção, mas uma necessidade de superar as lacunas educacionais e permitir que as futuras gerações se destaquem no cenário global.
Por último, o Instituto Alfa e Beto segue na vanguarda dessa transformação, promovendo estudos e iniciativas que podem mudar a forma como a Matemática é ensinada no país. Dessa forma, o Método de Singapura se apresenta como um caminho promissor para que o Brasil deixe as últimas posições nos rankings internacionais e ofereça uma educação de qualidade para todos os seus estudantes.
Abaixo, uma entrevista sobre o método e a Matemática com o professor Osmar Nina.
1 – O método de Matemática de Singapura tem sido muito debatido nos últimos anos devido aos resultados locais nas avaliações educacionais. Mas o que é, de fato, o método de Matemática de Singapura? Como funciona?
É uma abordagem de ensino baseada em estudos consagrados de pesquisadores como Maria Montessori, Zoltan Dienes e Émile Georges Cuisenaire, especialmente em relação ao uso da metodologia e dos materiais de ensino/aprendizagem por eles desenvolvidos. Objetiva melhorar o ensino e a aprendizagem de Matemática sem a tradicional decoreba de fórmulas, regras e processos. O foco é o estímulo à realização de problemas familiares, a partir de situações simples para complexas, tendo como premissa a abordagem: concreto, pictórico e abstrato. Com isso os alunos melhoram a velocidade de raciocínio, despertam e mantêm o interesse pelos temas abordados e desenvolvem as competências e habilidades necessárias em Matemática, encorajando o alto desempenho.
2 – Mas há quem defenda que ele é eficaz, mas não é o melhor. Há um debate sobre a comprovação. Como o senhor analisa tais críticas?
Os resultados de testes internacionais como PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) e TIMSS (Trends International Mathematics and Science Study) mostram que países como Singapura, Japão, Hong Kong, Canadá, Israel, Reino Unido e muitos outros países asiáticos e até os Estados Unidos têm obtido classificações invejáveis em Matemática, mostrando alunos com habilidades de raciocínio aritmético, lógico e espacial bem acima da média. Infelizmente na última edição do PISA, mais de 70% dos estudantes brasileiros ficaram aquém dos resultados esperados e sempre nos últimos lugares entre os alunos de países e economias avaliadas. Há mais de dez anos o Instituto Alfa e Beto entendeu ser importante considerar essas evidências e elaborou suas coleções de livros de Matemática do Ensino Fundamental e a Coleção Matemática para Pais e Professores, utilizando essa abordagem de ensino.
3 – A Matemática é uma disciplina considerada complicada e que assusta as crianças, jovens e muitos adultos também. Por que o senhor acha que muitos ainda têm esse pavor da Matemática?
De fato, a grande maioria dos estudantes do ensino fundamental ao superior se deixam levar por essa forma de pensar e acabam desenvolvendo essa dificuldade. No entanto, alunos dos países já citados, especialmente os asiáticos, cujos professores dominam os conteúdos que ensinam e motivam seus alunos, demonstram o contrário. É natural que o aprendizado de qualquer disciplina exige interesse, atitude positiva em relação à aprendizagem e sobretudo muita prática.
No Brasil, alguns professores que atuam nos anos iniciais têm formação precária em Matemática e repassam suas dificuldades para os alunos. Também carecem de atualização conceitual e metodológica para ensinarem com qualidade. Muitos limitam-se ao livro texto e fazem pouco uso de materiais de apoio, quando tem na escola. Matemática exige foco, rigor e coerência para ensinar com qualidade e estimular os alunos pela prática de exercícios, incluindo o dever de casa, assim como são os atletas de alto desempenho. A ideia é tornar a aprendizagem desafiadora e que desperte o interesse dos estudantes, assim como eles têm na prática de jogos da internet que prendem sua atenção por horas e horas.
4 – Atualmente há uma defesa de que é necessário ensinar com exemplos do cotidiano, que interferem na vida das famílias e das crianças. Temos, inclusive, a denominação “Educação Financeira”, que virou disciplina em muitas redes de ensino. Mas o método de Singapura já trabalha nessa perspectiva, não é?
Uma das premissas dessa abordagem pedagógica é mostrar aplicações do dia-a-dia mostrando a utilidade do conhecimento matemático para resolver situações familiares tais como o estudo do consumo de água e energia, pagamento de despesas pessoais, cálculo de porcentagem e juros, identificação de regularidade em sequências figurativas e numéricas, uso de instrumentos de medidas, interpretação de informações estatísticas, reconhecimento de formas geométricas nos prédios e casas da própria cidade. Exemplos como esses desmistificam a Matemática e despertam o interesse do aluno. Infelizmente muitos alunos passam pelos anos escolares sem realizar atividades práticas e aplicações do que deveriam aprender na escola. Não sabem usar instrumentos de medidas como uma régua ou um cronômetro, bem como não sabem se localizar ou localizar uma cidade, endereço ou percurso, usando o GPS do próprio smartphone. Enfim, não sabem fazer inclusive uma autoavaliação da própria aprendizagem para identificar suas dificuldades.
5 – Fala-se muito em fórmulas matemáticas, mas pouco se fala sobre os conceitos. Qual é a diferença?
O ensino de Matemática pressupõe que os alunos aprendam as operações básicas (soma, subtração, multiplicação, divisão). Sim, a velha e útil tabuada. Usem conceitos ou ideias das operações que
ajudam a deduzir fórmulas sem precisar decorá-las e, finalmente, entender estratégias (algoritmos) para resolução de problemas. Assim, para resolver um problema como: João deseja comprar um livro que custa 80 reais. Ele já economizou 50 reais. Quanto João precisa para completar o valor do livro? Para resolver esse problema o aluno precisa ler com compreensão para retirar as informações importantes. O livro custa 80 reais e João já tem 50 reais. Completar é uma ideia da subtração, logo, para saber quanto João precisa ele deve fazer a seguinte operação: 80 – 50 = 30. Para resolver o problema o aluno usou um conceito (ideia de completar), aplicou uma fórmula que é o algoritmo da subtração e, finalmente, obteve o resultado que pode ser verificado fazendo a operação inversa que é a adição.
6 – Com deveria ser a abordagem a respeito da Matemática para ajudar na aprendizagem?
A proposta adotada pelo Instituto Alfa e Beto, que decorre de estudos da abordagem de Singapura, requer ensino estruturado baseado em evidências. Ensinar o aluno a identificar a Matemática em sua realidade e necessidades, com exemplos familiares simples e estimular com desafios práticos que o ajudem a generalizar e fazer abstrações expressas com símbolos. O ensino de Matemática deve incentivar o raciocínio por meio de desafios, num ambiente de aprendizagem colaborativa, no qual o sucesso de todos é fundamental. Os assuntos devem ser ensinados de modo que o aluno perceba integração entre as áreas da Matemática (aritmética, álgebra, medidas, geometria e tratamento da informação). A Matemática é cumulativa, logo, o ensino deve ser sequencial em cada ano e em cada uma de suas áreas.
7 – O senhor considera que boa parte dos professores de Matemática avançam muito com as fórmulas antes da hora certa?
É importante considerar o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Nos anos iniciais (1º ao 5º ano) eles aprendem melhor a partir da manipulação de materiais concretos, não adianta esperar que decorem fórmulas. À medida que avança vai aprendendo conceitos e a identificar regularidades nos números, objetos e figuras geométricas, verificando a importância da álgebra que lida com números e símbolos e, finalmente, espera-se que os alunos dos anos finais e do ensino médio saibam usar e aplicar as fórmulas. A abstração é um dos patamares mais complexos da aprendizagem Matemática.
8 – Quais as características que deve ter um bom professor para ensinar a Matemática?
O professor que atua no Ensino Fundamental não precisa ter mestrado ou doutorado em Matemática, mas precisa dominar e ter segurança do conteúdo que vai ensinar. É fundamental conhecer técnicas didáticas e metodologias de ensino. Fazer um bom planejamento da aula, prevendo os recursos tecnológicos que vai usar e do material mais simples à internet. Estudar os livros didáticos adotados e fazer os exercícios que vai propor aos alunos. Saber avaliar para identificar estatisticamente os resultados dos alunos para tornar o ensino mais eficaz. Outro aspecto diz respeito a manter um bom ambiente de estudos, disciplina e respeito mútuo entre professor e aluno. Esperar sempre pelo sucesso dos seus alunos. Enfim, ser um exemplo de mestre e motivação.
Resultados do Brasil
· Matemática – 4º ano: 49% dos alunos atingiram o básico
· Matemática – 8º ano: 38% dos alunos atingiram o básico
Resultado internacional
· Matemática – 4º ano: 91% dos alunos atingiram o básico
· Matemática – 8º ano: 81% dos alunos atingiram o básico
Descubra como transformar o ensino em sua escola
Portanto, o Método de Singapura pode ser a solução que sua escola ou município precisa para melhorar o desempenho em Matemática. Entre em contato com o Instituto Alfa e Beto e saiba como implementar essa metodologia em sua rede de ensino.