O INEP divulgou os primeiros resultados da Prova Brasil surpreendem muitos especialistas, principalmente quando comparados com diagnósticos realizados por diversas instituições. João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, comenta: “Os resultados precisam ser avaliados com cautela, especialmente considerando que as taxas de participação foram muito baixas”.
Análise dos Resultados da Prova Brasil
Os dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostram diferenças significativas entre as notas de 2019 e 2021 em Língua Portuguesa e Matemática. O quadro abaixo resume essas mudanças:
INEP Divulga Resultados por Série
Série | Língua Portuguesa | Diferença 2019 | Matemática | Diferença 2019 |
---|---|---|---|---|
2º ano | 725,5 | 24,5 | 741 | -9 |
Séries iniciais | 208 | -7 | 217 | -11 |
Séries finais | 258 | -2 | 256 | -7 |
Ensino médio | 275 | -3 | 270 | -7 |
Considerações Sobre os Resultados
Os resultados do 2º ano chamam atenção, mas a média talvez não reflita a realidade. A quantidade de alunos nos níveis mais baixos da escola aumentou sensivelmente. A menor diferença em Matemática provavelmente se explica pelo tipo de questão, que não exige leitura e apenas verifica o domínio de conhecimentos básicos. Nas demais séries, a pequena diferença provavelmente reflete a baixa taxa de participação dos alunos, o que pode ter enviesado os resultados.
Além disso, a taxa de participação dos alunos foi bastante reduzida:
- 76% na pré-escola
- 73% nas séries iniciais
- 73% nas séries finais
- 61% no ensino médio
A baixa participação sugere que os alunos mais fracos não participaram, distorcendo os resultados. Essa questão só será esclarecida com a análise dos microdados.
Inadequação do Ideb como Indicador
A aplicação do teste em 2021 revelou a inadequação do Ideb como indicador. Alguns municípios pioraram as notas, mas aumentaram o Ideb devido à aprovação automática. O que realmente importa são as notas da Prova Brasil.
Primeiras Reflexões
Realizar a Prova Brasil em 2021 foi uma decisão acertada do MEC e INEP, apesar das pressões contrárias. No entanto, não há razão para comemorar. Mesmo que o atraso escolar tenha sido menor do que o esperado, o nível anterior já era muito baixo. Testes diagnósticos do Instituto Alfa e Beto em diversos municípios indicam lacunas graves de aprendizagem em todas as séries e disciplinas. Os problemas de alfabetização são severos, com muitos alunos ainda não alfabetizados ao final do 2º ano. A queda maior nas notas ocorreu nos anos iniciais, período que anteriormente apresentava maior avanço, sugerindo um desafio ainda maior na recuperação das aprendizagens perdidas.
Diferenças Entre Unidades Federativas
As diferenças entre Unidades Federativas mantêm-se constantes, com os estados do Centro-Sul nas melhores posições. Não houve diferenças marcantes entre estados mais ou menos desenvolvidos, o que reflete a condição socioeconômica das famílias nas regiões Centro-Sul, em contraste com as regiões Norte e Nordeste.
Para melhorar a educação, é crucial:
- Alfabetizar os alunos do 1º, 2º e possivelmente do 3º ano.
- Diagnosticar os alunos para identificar o melhor ponto de reinício.
- Utilizar estratégias de ensino comprovadamente eficazes.
- Priorizar tempo para aulas de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências.
Expor os alunos a boas aulas nessas disciplinas básicas é essencial para melhorar a aprendizagem. Contudo, também há limites no que podem aprender a cada ano. Confira a transmissão da apresentação dos dados do MEC e INEP aqui.