Se analisarmos testes internacionais como o Pisa, o TIMMS ou o PIRLS, poderemos observar que avanços dentro de um mesmo país ao longo do tempo costumam ser raros e modestos. Quando abruptos, normalmente refletem flutuações temporárias ou esforços bem-sucedidos de reformas educativas. Mas, em geral, essas flutuações são raras. Isto se dá, especialmente nos países da OCDE e nos países asiáticos, por uma razão principal: os sistemas educativos desses países já se encontram num patamar relativamente elevado e estável. Melhorar exige investimentos e esforços gigantescos. Já os países que melhoram no Pisa, como é o caso do Brasil, são países que se situam muito abaixo da média dos países da OCDE, e que, portanto, têm espaço para melhorar.
Da mesma forma que no passado nos acostumamos com a inflação, nos acostumamos também com a ideia de que o normal é esperar aumentos na Prova Brasil a cada ano. Isso também se deve, em parte, à distorção causada pelo IDEB, um indicador que mistura nota com fluxo escolar e dá essa ilusão de melhoria. Um estudo da consultoria Idados demonstra que o IDEB embute uma informação de baixa qualidade, pelo fato de misturar dois indicadores.
O avanço do Brasil nas séries iniciais em Matemática entre 2005 e 2019 foi de 45,3 pontos. Nas séries finais foi de 25,6 pontos. E no ensino médio, foi praticamente inexistente até 2017. Nesta última rodada, houve um avanço de 9 pontos. Recomendo a leitura do relatório a quem estiver interessado em dados mais detalhados e específicos.
A trajetória dos avanços nas séries iniciais começa a perder fôlego – nas últimas duas rodadas o crescimento vem se reduzindo. A trajetória nas séries finais continua estável, mas com um nível de avanço muito baixo quando comparado com o avanço das séries iniciais.
Texto originalmente publicado no blog Educação em evidência.