A Consultoria IDados acaba de publicar um alentado relatório com dados e análises sobre os 15 anos da Prova Brasil. Como mencionado na introdução, o objetivo do relatório é contribuir para qualificar o debate público sobre a educação.
Nos próximos posts, vou aprofundar alguns dos temas e levantar algumas questões que me parecem oportunas e interessantes para um debate qualificado. A escolha dos temas reflete a minha leitura do que há de mais interessante e oportuno no relatório. Os temas são meus – o relatório se limita a apresentar os dados.
São eles:
- Qualidade: o aumento da qualidade perde fôlego nas séries iniciais e continua limitado nas séries finais. Não há explicações plausíveis para o aumento das notas no ensino médio – são necessárias análises mais robustas ou aguardar a próxima rodada para saber se é uma tendência ou não passa de um episódio.
- Reeleição de prefeitos não está associada com melhor desempenho.
- Coruripe assume a liderança e é surpresa para muitos, mas tem fortes semelhanças com o que ocorre em Sobral e Teresina – as referências mais consistentes que merecem ser conhecidas.
- Ficar no lugar pode representar um grande avanço – é o caso de Boa Vista com o influxo de imigrantes venezuelanos é um bom exemplo.
- A mediocridade impressiona mais do que a desigualdade. A desigualdade é estrutural, enquanto a mediocridade deriva da falta de iniciativas adequadas. As que existem com solidez e resultados são poucas.
- A maioria dos estados que fez grandes avanços ainda não chegou na média. Apenas o Ceará conseguiu ultrapassar a fronteira da mediocridade.
- Devagar não se vai ao longe: as poucas redes de ensino que melhoram de maneira significativa e alcançam níveis elevados de desempenho o fazem de maneira consistente e em prazos relativamente curtos.
- Redes estaduais não são melhores do que redes municipais e grau de municipalização não afeta resultados.
- A troca de cadeiras entre os vinte melhores colocados nos municípios sugere a inexistência de políticas consistentes capitaneadas pelos estados.
- E também sugere a falta de políticas consistentes nos municípios.
- É possível melhorar o ensino nas séries iniciais sem que isso afete as séries finais e vice-versa. O que importa é o foco, pontaria e robustez das intervenções.
- O IDEB é uma medida equivocada e que envia mensagens equivocadas. Concentrar a análise e o foco nos resultados da Prova Brasil pode ser mais proveitoso, embora os 15 anos desta prova não tenham servido para provocar iniciativas mais robustas.
Post originalmente postado no blog Educação em evidência, na Veja.