Como a BNCC aborda a alfabetização?
De acordo com José Morais, um dos maiores especialistas mundiais em alfabetização, “A BNCC que foi recentemente aprovada é, no que respeita à alfabetização (e não só, mas é desta que falamos agora), bem mais inadequada e abstrusa que anteriores versões. Não só não se percebe a quem se destina (secretarias de educação? direções de escola? professores?) (sic), mas é inútil e é até perniciosa”.
De acordo com um grupo de cientistas brasileiros que estudam o tema, o tratamento da alfabetização na BNCC é inapropriado e não condiz com o estado-da-arte e com as evidências. Embora haja o reconhecimento da importância do ensino das relações fonemas e grafemas, a proposta aprovada contém graves erros conceituais e está eivado de definições incorretas e imprecisas. As habilidades pertinentes encontram-se espalhadas em diferentes lugares do documento, não há ênfase no ensino sistemático e explícito das correspondências, há confusão conceitual entre ler e compreender e entre escrever e redigir.
Como se alfabetiza usando métodos fônicos?
Não existe uma única forma de alfabetizar usando métodos fônicos. O que há de comum entre os métodos fônicos é:
- Existe um programa integrado que compreende as principais relações fonema-grafema da língua
- Os fonemas são apresentados de maneira sistemática e explícita, normalmente do mais simples para o mais complexo, e com aumento cumulativo dos fonemas e grafemas presentes.
- O trabalho com as habilidades de alfabetização é realizado de maneira descontextualizada, isto é, fora do contexto do ensino de outras habilidades como caligrafia, ortografia ou compreensão).
- Há uma série variada de atividades para ensinar as mesmas habilidades.
- Os demais componentes do programa de ensino são abordados (ou não) de forma diferente de acordo com diferentes autores.
Definições preliminares
Alfabetização é um assunto relativamente complexo. É um tema de natureza interdisciplinar que depende de conhecimentos da psicologia cognitiva, da linguística, da psicolinguística e da neurociência. Para entender o assunto, é preciso entender com precisão alguns termos, definidos abaixo (em parte extraídos e adaptados de Morais, 2013, pp. 137-143):
Alfabeto: O alfabeto é um sistema de escrita em que os caracteres (grafemas) individualmente (letras) ou em grupos (dígrafos) representam fonemas (menores unidades sonoras da língua).
Em outras palavras: o alfabeto é um código que transcreve os elementos sonoros da fala (fonema) em sinais chamados grafemas (letras ou conjunto de letras como ch ou rr).
Alfabetização: o processo intencional de alfabetizar, ou seja, ensinar o funcionamento do código alfabeto.
Alfabetizar: ensinar a ler e escrever, isto é, ensinar as regras de funcionamento do código alfabético – as correspondências entre grafemas e fonemas que representam os sons da fala.
Alfabetizado: indivíduo que é capaz de ler e escrever, isto é, extrair o som de uma palavra ou pseudopalavra escrita e vice-versa.
Código ortográfico: conjunto de regras que trata das correspondências grafema-fonema e fonema-grafema. Essas regras podem ser independentes da posição do grafema nas palavras ou dependentes da posição ou do contexto (ex. a palavra “pelo” pode ser pronunciada com o “e” aberto ou fechado dependendo do contexto).
Consciência fonológica: consciência dos sons da língua como diferentes de outros sons (onomatopeias, por exemplo).
Consciência fonêmica: consciência de que a palavra é constituída por diferentes componentes de nível inferior ao da sílaba (os fonemas).
Decodificação. Procedimento intencional e sequencial para converter uma sequência de letras (palavra escrita) em uma forma fonológica (uma palavra falada). O termo correto é decodificação grafofonológica. A decodificação é o elemento central e o objetivo do processo de alfabetização: alfabetizar é ensinar a decodificar. O indivíduo alfabetizado é capaz de decodificar (qualquer) palavra usando os procedimentos adequados.
Escrever: transformar uma palavra oral na sua representação ortográfica. Escrever difere de redigir, que implica a produção de uma palavra, frase ou texto.
Fonema: a menor unidade fonológica que permite distinguir o significado (/P/ e /M/ são fonemas que nos permitem distinguir Pato e Mato. Existe uma notação adequada para indicar os fonemas, para simplificar usamos aqui / /
Fonética: estudo dos componentes da linguagem relativos aos sons que constituem a fala, e que são pertinentes do ponto de vista das distinções perceptivas e produtivas em uma determinada língua.
Fonologia: estudo dos componentes da linguagem relativos aos fonemas, isto é, às unidades abstratas subjacentes à expressão sonora da fala e às regras de organização dessas unidades.
Grafema: unidade gráfica correspondente ao fonema. O grafema pode ser constituído por uma letra (“x” ou mais de uma “ch”).
Fluência ou fluência de leitura: facilidade, em termos de precisão e rapidez, na reprodução oral da sequência de palavras escritas presentes em uma lista ou em um texto conectado.
Ler: extrair o som de uma palavra escrita. Ler é diferente de compreender, que implica identificar o significado da palavra no contexto e fora dele.
Léxico mental: conjunto de representações mentais que um indivíduo possui das palavras da língua, sem especificação de sua forma particular.
Léxico fonológico: conjunto de representações mentais que um indivíduo possui da forma fonológica das palavras.
Léxico ortográfico: conjunto de representações mentais que um indivíduo possui da forma ortográfica das palavras (ou, dito de outra forma, de sua expressão visual).
Léxico semântico: conjunto de representações mentais que um indivíduo possui do significado (ou conteúdo semântico) das palavras.
Métodos fônicos: métodos de ensino da leitura baseados na explicitação e ensino do princípio alfabético, das correspondências grafema-fonema e das outras correspondências grafofonológicas.
Método da silabação: métodos de ensino de leitura baseados na decomposição da palavra em sílaba e da sílaba em letras (também conhecido como método do bê-a-bá). O “método Paulo Freire”, desenvolvido para a educação de adultos no início dos anos 60, se baseia na silabação: as palavras-chave, escolhidas mediante pesquisas no ambiente sociocultural dos alunos, depois de discutidas (conscientização), eram decompostas em sílabas e as sílabas decompostas para formar novas sílabas e novas palavras. Para uma crítica mais abrangente às propostas de Paulo Freire, ver Ronai Pinto da Rocha, Quando Ninguém Educa – Ed. Contexto, 2016).
Método construtivista: a rigor não existe um método construtivista. As propostas do construtivismo e da teoria do “whole language” minimiza a importância do ensino sistemático e explícito das relações fonema-grafema e pressupõe que a criança irá aprender de maneira natural, acidental ou incidental essas relações.
Ortografia: conjunto dos grafemas e das regras que determinam suas combinações possíveis para representar as palavras da língua. A ortografia de uma palavra é a sequência de suas letras e fonemas.
Ortografia transparente e opaca: a ortografia de uma língua é transparente quando a escrita de todas ou quase todas as suas palavras é determinada por regras. A ortografia é opaca quando a escrita de muitas de suas palavras não obedece só a regras. A ortografia da Língua Portuguesa situa-se entre as de baixa opacidade – francês e inglês são muito mais opacas.
Palavra irregular: A palavra é irregular quando sua ortografia não é inteiramente determinada por regras ortográficas. Há pouquíssimas palavras irregulares na Língua Portuguesa.
Princípio alfabético: princípio de representação dos fonemas da língua por letras ou grafemas. O alfabeto é um sistema de escrita em que os caracteres, individualmente ou em grupo, representam fonemas. Isso é válido mesmo se o código ortográfico introduzir uma variabilidade considerável na relação grafema-fonema.
Pseudopalavra: sequência de fonemas (pseudopalavra oral) ou de letras ou grafemas (pseudopalavra escrita) que obedece às regras de formação das palavras da língua, mas que não possui significado na língua. Uma outra forma de definir: são palavras que poderiam existir de acordo com as regras da língua, mas não têm sentido (embora possam vir a ter). A palavra “vuvuzela” era pseudopalavra até que na Copa do Mundo de 2010 aprendemos o seu sentido. As pseudopalavras constituem um meio seguro para avaliar se a criança dominou o código alfabético e se é capaz de utilizar essas regras para ler e escrever (se a criança conhece a palavra “de cor” não ficamos sabendo se ela domina o código).
Representação fonética: representação dos sons da fala e de suas características susceptíveis de diferenciação na percepção ou na produção desses sons.
Representação fonológica: representação das unidades e das estruturas abstratas subjacentes à expressão sonora da fala.
Representação lexical: representação mental das palavras sem especificação de sua forma superficial (fones, isto é, unidades fonéticas/letras) ou abstrata (fonemas/grafemas) ou de seu conteúdo (morfemas e lexemas, isto é, palavras vistas só em termos de seu conteúdo semântico).
Representação ortográfica: representação da sequência de grafemas de uma expressão da fala e de sua organização em unidades maiores.
Sílaba: unidade da fonologia que corresponde a uma emissão de voz facilmente separável das emissões de voz adjacentes e que, em geral, é separada das outras por uma queda de energia acústica.
Valor fonológico da letra: pronúncia da parte crítica do nome da letra que evoca o fonema que ela representa. Por exemplo /ffff/ para letra F).
É importante ensinar caligrafia? O que dizem as evidências?
O ensino da caligrafia nada tem a ver com métodos fônicos, mas tem a ver com a alfabetização. Automatizar os gestos para escrever (ou digitar) libera a atenção para que ela se concentre em outros aspectos da escrita.
O domínio da caligrafia tem uma dimensão prática – que é adquirir eficiência para escrever no ritmo necessário para acompanhar as tarefas escolares. Nesse aspecto, o domínio da digitação atinge o mesmo objetivo. A outra dimensão refere-se à contribuição da caligrafia para a aprendizagem da ortografia – o cérebro arquiva a forma visual das palavras e os gestos realizados para escrever ajudam nesse processamento.
Quanto à legibilidade do que se escreve, trata-se de uma questão prática e social: o escrito deve ser lido por quem escreveu e por outrem. A exigência da redação por escrito em vestibulares e testes como o ENEM revela que ainda existe, na sociedade, um reconhecimento sobre a importância da caligrafia. O ensino da caligrafia, portanto, não é uma exigência conservadora ou antiquada – ele serve para tornar a aprendizagem mais eficiente e eficaz. Todos os países desenvolvidos incluem a caligrafia em seus programas de ensino – a única exceção conhecida são alguns estados nos Estados Unidos que já aboliram essa exigência.
É possível usar tecnologia para alfabetizar pelo método fônico?
Praticamente todas as habilidades envolvidas no processo de alfabetização podem ser desenvolvidas por meio de jogos e brincadeiras em formato eletrônico.
Existe mais de um método fônico?
Sim, os métodos fônicos variam especialmente (a) na escolha da ordem de ensino das correspondências grafema-fonema e (b) na ênfase maior ou menor em técnicas de análise e síntese de fonemas.
Fatos e mitos sobre métodos fônicos
Mito 1: Leitura se refere fundamentalmente à decodificação. Basta ensinar a decodificar.
Refutando o mito:
- Decodificar é condição necessária, mas não suficiente.
- Saber ler permite compreender, mas para compreender é preciso adquirir muitas outras habilidades, antes, durante e depois de aprender a ler.
Mito 2. Método fônico é o mesmo que ensinar o bê-a-bá
Refutando o mito:
- O método do bê-a-bá refere-se ao método da silabação, que não chega ao fonema.
- As crianças conseguem aprender a ler de diversas formas, seja por meio de métodos construtivistas ou silábicos. A questão é de eficiência – métodos fônicos são mais eficazes, e são particularmente mais eficazes com alunos provenientes de meios socioculturais mais desfavorecidos (sem muito experiência fonológica e fonêmica).
Mito 3. A alfabetização pelo método fônico não considera outros componentes do ensino da língua.
Refutando o mito:
- Os métodos fônicos se referem exclusivamente a um segmento do processo de ensino da leitura – a alfabetização ou domínio do código alfabético.
- Um programa de alfabetização que usa o método fônico também deve contemplar o ensino de outras habilidades relacionadas com o ensino da língua.
- Essas habilidades não se restringem ao processo de alfabetização – muitas devem ser ensinadas e aprendidas nos anos iniciais de vida e especialmente na pré-escola.
- Elas também não se encerram na alfabetização – o domínio básico de uma língua normalmente requer cerca de 2 a 3 mil horas de estudo.
Mito 4. Ensinar a ler pelo método fônico encoraja os alunos a depender muito da decodificação e não se preocupar com o sentido das palavras (ler como papagaio).
Refutando o mito:
- Não existem evidências de que isso ocorre.
- As evidências existentes, pelo menos desde os estudos seminais de Stanovich, em 1982, mostram exatamente o contrário: bons leitores se apoiam nas palavras para ler, maus leitores se apoiam no contexto.
O método fônico se aplica à educação especial?
- Sim. Há vários instituições e sites especializados que explicam as adaptações necessárias e fornecem materiais específicos. O cérebro das pessoas – mesmo com deficiências e particularidades – funciona de forma muito semelhante.
O que dizem as evidências sobre os métodos fônicos?
Os métodos fônicos são superiores a outros métodos ou abordagens para alfabetizar. Essas evidências encontram-se documentadas em inúmeros estudos de revisão da literatura científica já citados nos itens acima (vide evidências no tópico anterior)
Os métodos fônicos são particularmente mais eficazes para alunos provenientes de níveis socioeconômicos desfavoráveis. Uma extensiva revisão da literatura sobre o tema foi publicada em 1998 (Snow, C.E.; Burns, M.G. &Griffin, P. 1998).
Os métodos fônicos são mais eficazes porque são compatíveis com a maneira como o cérebro processa as informações grafo-fonológicas associadas ao processo de leitura e escrita (Dehaene, 2012).
O que é “Ciência Cognitiva da Leitura”
A ciência cognitiva da leitura é um ramo interdisciplinar que reúne conceitos e métodos da psicologia cognitiva, psicolinguística, linguística e neurociência para estudar o processo da alfabetização e os correlatos cerebrais desse processo, ou seja, o que acontece no cérebro quando a pessoa se alfabetiza, como opera o cérebro de adultos não-alfabetizados e como o cérebro se modifica em função do processo da alfabetização.
O que é “método construtivista de alfabetização”?
É muito difícil falar em “métodos construtivistas” porque são várias as teorias e ideias construtivistas – e, por definição, os construtivistas rejeitam a ideia de método –, pois o conhecimento seria construído pelo aluno em interação com o professor.
De modo geral, os princípios do construtivismo são os mesmos da chamada “escola progressista”, que tem sua origem nas ideias de Thomas no século XIX e John Dewey, no século XX. Em alguns países europeus como Portugal, Espanha e França, as ideias de Jean-Piaget inspiraram o desenvolvimento de propostas “construtivistas” para a alfabetização. Em países da América Latina, as ideias do construtivismo aplicadas à alfabetização foram introduzidas por Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, e repercutidas em vários trabalhos de Magda Soares. Uma crítica atualizada do fundamento dessas ideias encontra-se em trabalho publicado na Revista Cadernos de Pesquisa por Paulo Estevão Andrade, Olga Valéria Campana dos Anjos Andrade e Paul Sérgio T. do Prado (https://doi.org/10.1590/198053144361). Os Parâmetros Curriculares Nacionais aprovados pelo MEC no final do século passado introduziram oficialmente o construtivismo na alfabetização brasileira.
Em países de língua inglesa, ideias semelhantes ao construtivismo foram desenvolvidas no contexto de um movimento denominado “whole language” ou abordagem de linguagem total. A ideia central é que a criança aprende a ler por imersão num ambiente rico de linguagem, sem necessidade de instrução específica sobre o funcionamento do sistema alfabético ou ortográfico.
No entanto, há vários estudos que comparam a eficácia de propostas construtivistas de alfabetização com outras propostas – especialmente com o uso dos métodos fônicos.
O estudo mais abrangente sobre o tema foi publicado por Adams (1990). As meta-análises mais abrangentes foram publicadas pelo National Reading Panel Report (2000), Ehry (2002) e National Early Reading Panel Report (2008), e também revistos por McGuinness (2005).
A proposta central do construtivismo em alfabetização é a de que as crianças “naturalmente” identificam as consoantes iniciais das palavras. Essas ideias foram refutadas por estudos de cientistas brasileiros como Cardoso-Martins e Tatiana Pollo. Referências podem ser encontradas na página https://scholar.google.com/citations?user=6FA3Q2UAAAAJ&hl=en.
Uma análise abrangente e rigorosa da origem, história e resultados dos métodos construtivistas em alfabetização encontra-se no Relatório Educação Infantil – Novos Caminhos, publicado pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados (Oliveira, 2003) e no Relatório produzido pela Academia Brasileira de Ciências em 2011 (Oliveira e Silva, 2001).
Para uma visão histórica e abrangente essas questões, ver Oliveira (2003) e Oliveira (2007)
(Construtivismo e alfabetização: um casamento que não deu certo” e “Lereis como deuses”).
O que é “método fônico”
Método fônico – ou melhor dizendo, métodos fônicos – são métodos de ensino da leitura baseados na explicitação e ensino do princípio alfabético, das correspondências grafema-fonema e das outras correspondências grafo-fonológicas.
O que é o alfabeto?
O alfabeto é um sistema de escrita em que os caracteres (grafemas) individualmente (letras) ou em grupos (dígrafos) representam fonemas (menores unidades sonoras da língua).
A escrita foi inventada há cerca de 5.000 anos para representar o que antes só se podia guardar na memória. Para representar ideias mais abstratas, foi preciso outra invenção, o alfabeto – inventado há pouco mais de 3.000 anos. O alfabeto representou um avanço enorme em relação às escritas não-alfabéticas, pois permite transcrever todos os sons de uma determinada língua.
O que mais precisa ser ensinado além da alfabetização?
- A aprendizagem da língua requer um conjunto complexo de conhecimentos linguísticos.
- O princípio de tudo é a linguagem oral – a língua se baseia e se origina na linguagem oral. É pela linguagem oral que a criança desenvolve a compreensão do vocabulário, da consciência sintática e da sintaxe, e adquire conceitos e capacidade de identificar “scripts’ da fala que também se encontram em textos escritos. Portanto, o desenvolvimento da linguagem oral, que começa na gravidez e no berço, continua e deve continuar ao longo de todo o processo escolar.
- Em relação à alfabetização, as habilidades relevantes incluem o desenvolvimento da consciência fonológica, consciência fonêmica e do alfabeto, além das habilidades motoras que permitem o domínio da caligrafia. Depois de alfabetizado, o aluno precisa desenvolver fluência de leitura – o que deve ser objeto de atenção explícita até por volta do 6o ou 7o ano da escolaridade.
- Em relação à linguagem, em geral, as habilidades mais relevantes referem-se à expansão do vocabulário, ferramentas de morfologia, domínio (prático) da sintaxe e dos elementos da redação. Para o desenvolvimento de todas essas habilidades a leitura é a ferramenta essencial, associada a atividades de reflexão e exercícios sistemáticos sobre as várias propriedades e características da língua.
O que significa “alfabetizar”?
Alfabetizar significa dominar as regras de funcionamento do código alfabético e, progressivamente, do código ortográfico. Como o alfabeto é um código inventado, arbitrário, não é razoável esperar que as pessoas sejam capazes de reinventá-lo a partir de “práticas de linguagem”. O domínio do código ortográfico depende da complexidade das regras de cada língua.
O que significa “guerra dos métodos”
A “guerra dos métodos” refere-se a um longo período de discussões entre pesquisadores e educadores – notadamente nos Estados Unidos. Uns defendiam os métodos globais, “whole language” ou métodos construtivistas. Outros defendiam métodos com base no princípio fônico. O acúmulo de evidências ao longo dos anos 70 e 80 levou à publicação do livro de Marylin Adams (1990), que reúne evidências definitivas sobre a adequação e superioridade dos métodos fônicos. A partir desse trabalho, foram criados comitês e grupos de estudo na maioria dos países desenvolvidos. Até o final do século passado, todos eles já haviam adotado oficialmente os métodos fônicos em suas recomendações e programas de ensino.
O que significa “saber ler” e “saber escrever”
Saber ler significa extrair o som de uma palavra. Tecnicamente isso significa fazer a decodificação grafofonológica de uma palavra, ou seja, converter uma sequência de letras numa palavra (ou forma fonológica). Saber ler é diferente de compreender.
Saber escrever significa transformar os sons que compõem uma palavra na sua forma ortográfica, ou seja, por meio de letras (ou grafemas). Escrever é diferente de copiar e de redigir.
Os métodos fônicos são mais eficazes? Qual a evidência?
Os métodos fônicos são mais eficazes porque são consistentes com a forma como o cérebro processa os estímulos associados à leitura e escrita.
A comprovação da eficácia dos métodos fônicos se faz por meio de pesquisas científicas controladas e cujos resultados cumulativos são analisados por meio de um procedimento denominado “meta-análise”.
A meta-análise é usada porque estudos isolados não são suficientes para comprovar a eficácia de uma intervenção: a metanálise permite agregar os dados de diferentes estudos e compará-los usando uma métrica comum.
Os estudos mais abrangentes que comprovam a eficácia e superioridade dos métodos fônicos foram publicados por Adams (1990). As meta-análises mais abrangentes foram publicadas pelo National Reading Panel Report (2000), Ehri (2003 https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED479646.pdf) e National Early Reading Panel Report (2008), e também revistos por McGuinness (2005).
Por que os métodos construtivistas são tão populares no Brasil?
A história da pedagogia sempre foi dividida entre duas grandes linhas de pensamento: a chamada “linha tradicional” e a “linha progressista. A linha tradicional segue – com maior ou menor fidelidade – ideias como a importância do currículo, do uso de métodos indutivos e dedutivos, de partir do simples para o complexo, do ensino baseado em disciplinas, do interdisciplinar como fruto do conhecimento profundo das disciplinas, do ensino “didático” ou “direto”. Em outras palavras: o ensino baseado no ensino.
A linha “progressista” em educação tem origem na filosofia de John Locke e Rousseau. Na Europa essas ideias tomaram corpo pelas mãos de pioneiros como Basedow e Salzmann Pestallozi, Frobel e Herbart. Nos Estados Unidos, John Dewey iniciou o Movimento pela Educação Progressiva (1880). No Brasil esse movimento foi iniciado de forma mais sistemática por Anísio Teixeira. Os ideais e as ideias da educação progressiva sempre tiveram lugar de destaque, mas também sempre foram dialeticamente contrapostos a ideias rotuladas de “conservadoras” ou “tradicionais” como as propostas desde o século XIX por Horace Mann e que tiveram continuidade com outros movimentos – entre os quais o behaviorismo.
Ao longo dos últimos 150 anos, essas ideias tiveram momentos de maior convergência e divergência. Uma publicação seminal, no ano de 2.000 (Chall, 2000), faz um balanço dessas ideias e mostra que, apesar da popularidade das ideias progressistas, as evidências pendiam para a superioridade das ideias “tradicionais”. Mais de 60 anos de estudos comparando o impacto dessas abordagens em diferentes países e níveis de ensino comprovam que, de modo geral, o ensino baseado nos princípios tradicionais – especialmente o chamado “ensino direto” ou “ensino estruturado” produz melhores resultados. Para uma recente metanálise sobre o tema, ver o artigo de Stockard, Wood e Coughlin (2018) no link https://doi.org/10.3102/0034654317751919.
Dois novos desenvolvimentos poderão provocar algumas convergências entre essas diferentes abordagens: o uso das tecnologias – que criam diferente relação entre o aprendiz e a aprendizagem – e os avanços da neurociência, que ajudam a colocar por terra, de maneira mais efetiva, mitos que antes levavam décadas para serem desfeitos (como os dos estágios de desenvolvimento ou das inteligências múltiplas, entre outros).
Quais as diferenças de materiais didáticos produzidos de acordo com o método fônico vs. propostas do tipo “construtivista”?
O quadro abaixo apresenta uma visão simplificada do que são ou poderiam ser essas diferenças. Vale lembrar que existem diferenças entre os “métodos fônicos” e que não existe propriamente um “método construtivista”. Trata-se, pois, de uma simplificação da realidade:
Métodos fônicos | Métodos construtivistas | |
Texto | 1. Não são necessários.
2. Textos decodificáveis, usando apenas os fonemas e grafemas já conhecidos. 3. Textos “didáticos” simples com inserção das palavras cujos fonemas/grafemas estão sendo ensinados. 4. Textos “autênticos” usados apenas como pretexto para motivar e chamar atenção para alguns dos fonemas explorados na respectiva lição |
Textos autênticos, sem qualquer preocupação com as palavras usadas – pois o ensino das relações fonema-grafema é considerado como secundário. |
Exercícios | 1. Apresentação sistemática e explicita (e descontextualizada) de cada relação fonema-grafema.
2. Do simples para o complexo 3. Exercícios variados para explorar as diferentes habilidades necessárias para adquirir o domínio do princípio alfabético e do princípio ortográfico |
1. Sempre realizados de forma contextualizada.
2. Não há preocupação com apresentação sistemática e explícita 3. Não há preocupação com o ensino das diferentes habilidades |
Caligrafia | 1. Normalmente é parte integrante dos materiais, dada a sua contribuição para o domínio da ortografia. | 4. Raramente é incluída
5. Alguns livros incluem o ensino sistemático da caligrafia. |
Fluência de leitura | 1. Contém textos “decodificáveis” com leituras adequadas aos fonemas e grafemas já estudados | 1. Considera textos decodificáveis como “pseudotextos” (em oposição a “textos autênticos” e, portanto, não os considera. |
Qual a diferença entre escrever, copiar e redigir?
Escrever refere-se à transcrição ortográfica da linguagem oral.
Copiar (ou transcrever) significa reproduzir um texto escrito com fidelidade – seja à mão ou por meios digitais.
Redigir significa colocar no papel (ou na tela do computador) ideias por escrito.
Todas as três são habilidades mentais relativamente complexas, que também envolvem habilidades motoras. Mas a habilidade de redigir é muito mais complexa do que a habilidade de escrever ou de copiar (ou transcrever). Da mesma forma que somos capazes de compreender sem ler (quando ouvimos uma palestra, por exemplo), podemos ser capazes de compor uma história ou poemas sem ser capazes de transcrevê-los, como ocorre com crianças e muitos repentistas de cordel, por exemplo.
A escrita ortográfica (ou correta) implica respeitar o conjunto de regras grafema-fonema e fonema-grafema específicas para cada língua. Algumas regras ortográficas são dependentes da posição e/ou do contexto. A escrita ortográfica requer considerável prática e pode ser ajudada pelo conhecimento implícito e explícito de regras e outros elementos da escrita como prefixos e sufixos.
Qual a diferença entre ler e compreender?
Podemos ler sem compreender. Podemos compreender sem ler – como no caso da compreensão oral. Portanto, ler e compreender são duas habilidades independentes. Já a compreensão escrita e a compreensão oral são parte de um mesmo conjunto de habilidades cognitivas.
Porém, só podemos compreender um texto escrito se formos capazes de ler. A compreensão de textos depende do domínio da habilidade de leitura.
Que países adotam os métodos fônicos?
Praticamente todos os países desenvolvidos no âmbito da OCDE adotam métodos fônicos. O que varia é o grau de centralismo dos sistemas educativos. No site oficial de qualquer um desses países é possível identificar essas orientações. Os países mais ativos na adoção e promoção do método fônico a partir dos anos 90 foram Austrália, Estados Unidos, Inglaterra, Finlândia, França e Portugal. A maioria dos outros países já adotava esses métodos há décadas. Os países com recomendações ou currículos mais detalhados são Estados Unidos (Common Core), Inglaterra e Portugal (Metas curriculares).
Bibliografia
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