No Brasil, cerca de 9,7 milhões de pessoas declaram ter algum tipo de deficiência auditiva, segundo o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estima-se, ainda, que 31.000 tenham surdez profunda e necessitam de implante coclear, sendo 13.950 crianças e jovens de até 18 anos.
As pessoas que precisam de implante coclear são aquelas com surdez profunda, para as quais os aparelhos amplificadores de som não funcionam. O implante é uma prótese eletrônica introduzida cirurgicamente na orelha interna. Ao contrário da prótese auditiva convencional, o implante coclear capta a onda sonora e transforma em impulso elétrico, estimulando diretamente o nervo coclear.
Para as crianças que necessitam desse procedimento, a alfabetização pode ser um processo pesaroso se não for bem acompanhado. Contudo, com um atendimento especializado com fonoaudiólogos e educadores, método de ensino adequado e a participação ativa dos pais, elas podem ter grandes avanços no desempenho cognitivo e socioemocional.
“Ao iniciar o processo de alfabetização, a criança pode compreender melhor a conversão do fonema (som) em grafema (letra) para a escrita – e vice-versa para a leitura. Sem escutar por muito tempo, a criança não adquire a relação entre o fonema e o grafema e não consegue criar memória auditiva. Nesse sentido, os pais têm um papel importantíssimo no desenvolvimento dessas crianças. Eles são mediadores que apresentam o mundo para elas. As tarefas simples, que fazem parte da rotina diária, como brincadeiras, conversas, leitura de histórias e músicas são fontes importantes de conhecimento”, explica Letícia Guedes Cintra*, fonoaudióloga de Juiz de Fora (MG).
Para se alfabetizar plenamente, toda criança precisa de certo domínio da língua oral, amplo vocabulário e habilidades para narrar fatos e acontecimentos. Isso é adquirido especialmente através dos livros. Para crianças com deficiência auditiva, eles se tornam ferramentas que estimulam a memória, podendo ser usados como recursos de comunicação com o mundo ao redor.
Livros como recurso para comunicação
Sofrendo de perda severa de audição, Alice, filha de Ana Cristina Custódio, de Ubá (MG), ficou um ano e sete meses sem escutar até passar pelo implante. “Pacientes que ficam muito tempo sem escutar deixam de acumular memória auditiva. Quando a criança passa pela cirurgia, ela começa a ouvir o que outros já ouviram quando eram bebês. Os livros ajudam a ampliar as bases do conhecimento, por serem uma forma de comunicação”, afirma Letícia, responsável pelo tratamento de Alice.
Alice já está dando os primeiros passos no caminho da alfabetização. Para a mãe, a principal aliada nesse processo foi a leitura de histórias, hábito que surgiu na família assim que a menina nasceu. “Sempre lemos para ela. Uma das coleções preferidas é a Pequenos Leitores, de Alfa e Beto Soluções, que traz imagens do cotidiano e narrativas contadas com imagens. No início, quando ela era menor, foi um recurso usado por nós quando queríamos comunicar algo para ela – e ela também os usava quando queria nos dizer algo”, conta Ana Cristina.
Com o livro Meu dia é assim, por exemplo, a menina aprendeu a se comunicar para os pais nas atividades cotidianas, como escovar os dentes, comer e brincar. No processo, a mãe também notou um avanço na compreensão das histórias. “Os livros da Coleção são pensados para estimular a criança pequena, o adulto não percebe no início a importância da leitura, mas logo os resultados aparecem”.
Superando desafios
Em Maceió (AL), a leitura também é o principal aliado no desenvolvimento cognitivo e auditivo de Isabela, 7 anos de idade. Por um ano e meio, a menina ficou completamente surda, se comunicando com a mãe apenas com o auxílio de livros e códigos.
Antes de receber um implante coclear, alguns médicos chegaram a dizer que a Isabela seria capaz de se comunicar apenas em Libras (linguagem brasileira de sinais). A mãe, Elenice Santos, buscou o tratamento através do implante e hoje já nota o progresso da filha após ter conseguido recuperar a audição parcial.
De acordo com a fonoaudióloga Letícia, o diagnóstico e a intervenção precoce para casos de deficiência auditiva são imprescindíveis. “Quanto antes ela começar a compreender o mundo sonoro e dominar a língua oral, mais tranquilo será o processo. Isso não quer dizer que uma criança surda que não pode se beneficiar do implante coclear ou até mesmo do aparelho de amplificação sonora individual não conseguirá aprender a ler e a escrever. Mesmo os surdos que utilizam a Libras como primeira língua podem se tornar grandes leitores e escritores. No entanto, o processo será mais longo. O trabalho da fonoaudiologia, da psicopedagogia e da família é imprescindível para o sucesso”.
O trabalho realizado em casa e os resultados satisfatórios da cirurgia de Isabela fizeram com que a menina desse um salto no desempenho escolar: este ano, ela ficou entre os finalistas do concurso de soletração de sua escola. “Ela está no 2º ano e já acompanha a turma. Em casa, eu faço uma apresentação prévia dos conteúdos que ela verá na aula. Depois, fazemos o reforço com dever de casa. No início, a Coleção Pequenos Leitores ajudou a incrementar o vocabulário dela, usando a imagem como aliada ao som, para que ela pudesse compreender o que os outros diziam. Isso ajudou tanto na memória quando na capacidade auditiva”, explica a mãe.
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* Leticia Guedes Cintra – CREFONO 6 961
**Imagem: Acervo Pessoal / Ana Cristina Custódio