Este post faz parte de uma série produzida pelo Instituto Alfa e Beto que irá desvendar em 20 capítulos a inteligência. Todas as segundas-feiras são publicados novos artigos neste espaço. Acompanhe! Clique aqui e veja todos os posts já publicados. Para ver o índice completo da série, clique aqui.
No post anterior mencionamos os estudos de Rindermann e Thompson a respeito da relação entre desenvolvimento e capital intelectual, medido a partir do QI das populações em diferentes países do mundo. No texto desta semana acrescentamos informações do mesmo estudo que nos permitem responder a uma questão sobre quem veio primeiro: o ovo ou a galinha (neste caso, o desenvolvimento ou o capital intelectual).
Nos textos que publicamos ao longo das últimas semanas já podemos encontrar uma pista. O alto nível de desempenho do grupo situado no percentil 95 em atividades relacionadas a ciências, matemáticas e tecnologias tem maior impacto no desenvolvimento do país do que no nível educacional e no nível de liberdade econômica. Esse fator, aliado à informação a respeito da quantidade de intelectuais e cientistas presentes na história do país, sugere uma estabilidade maior do fator cognitivo do que da forma de organização social ou do sistema educativo.
Um dado adicional reforça a importância e o papel estratégico de elites bem qualificadas para promover o desenvolvimento das sociedades modernas: o aumento do equivalente a um ponto de QI no grupo superior (percentil 95) aumenta o PIB em 468 dólares, enquanto o mesmo aumento no percentil 50 eleva o PIB em apenas 229 dólares.
A conclusão é óbvia e imperativa: a existência de uma elite intelectual traz enormes benefícios para o país. Mas daí não necessariamente é suficiente apenas investir na formação dessa elite.
De um lado, há estudos indicando efeitos multidirecionais, ou seja, há na verdade um círculo virtuoso entre nível intelectual, liberdade econômica e riqueza. Não basta uma riqueza eventual adquirida por meio de recursos naturais – como ilustram os países ricos em petróleo – sem os demais requisitos.
Também não é desprezível o nível médio de desempenho da população nesse grupo – que engloba 68% da população – encontram-se filhos de pessoas altamente qualificadas e pessoas capazes de assimilar e usar conhecimentos científicos e tecnológicos, e de tomar decisões mais racionais. Sem eles não há progresso possível.
A tese central deste artigo, confirmada por estudos de eminentes economistas, é a de que o nível intelectual da elite cognitiva de um país facilita o progresso cultural e social, e, nas palavras de Rindermann (2011, p. 762) “a riqueza, nos tempos modernos, é o resultado do capitalismo cognitivo”.
Isto é, a ideia de que a habilidade cognitiva de uma população e, em particular, de sua elite cognitiva, é pré-requisito para o desenvolvimento do progresso tecnológico que depende, por sua vez, da existência de um ambiente que premia o alto desempenho que, por sua vez, leva não apenas ao crescimento econômico e à riqueza, mas também assegurar uma sociedade livre e democrática25.
Na próxima semana…
A partir das relações entre capital cognitivo e desenvolvimento econômico de uma nação, vamos descobrir quais são as estratégias mais eficazes para ampliar esse capital – e, consequentemente, melhorar a economia. |
Referência bibliográfica:
- Rinderman, H. Sailer, M. & Thompson, J. (2009). The impact of smart fractions, cognitive ability of politicians and average competence of peoples on social development. Talent Development and Excellence, 1, 3-25.