Reportagem publicada no site do jornal Gazeta do Povo.
Qualidade dos novos professores no Brasil é cada vez pior, revela estudo
Antes de mais nada, um estudo recente revela um panorama preocupante para o futuro da educação no Brasil. De acordo com o Boletim “Perfil dos Futuros Professores” divulgado pelo IDados, a qualidade dos novos professores está cada vez mais comprometida. A pesquisa aponta que, enquanto em países desenvolvidos os futuros educadores são recrutados entre os melhores alunos do ensino médio, no Brasil, as faculdades de Pedagogia atraem estudantes com baixo desempenho acadêmico, o que pode resultar em uma educação ainda mais precária nas próximas gerações.
O Contexto Atual dos Cursos de Pedagogia
Sobretudo, o cenário é complicado, como explica Paulo Rocha e Oliveira, presidente do IDados. As faculdades de Pedagogia no Brasil apresentam entradas fáceis, com notas de corte baixas e, consequentemente, atraem alunos de baixa escolaridade e renda familiar. Entre 2005 e 2014, o número de matrículas de estudantes de baixa renda nos cursos de Pedagogia dobrou, representando 83% do total. Além disso, 59% desses alunos têm mães com escolaridade até a 4ª série e 78% estudam à noite, o que reflete a realidade socioeconômica desses futuros educadores.
Desempenho Acadêmico Abaixo da Média
Em relação ao desempenho acadêmico, o estudo revela que os alunos de Pedagogia têm desempenho abaixo da média nas provas de conhecimentos gerais do Enade. Comparando-os com estudantes de Engenharia, que representam cursos com grande potencial de empregabilidade e status social, os alunos de Pedagogia não conseguem alcançar a marca de 50 pontos na prova, o que é um indicativo de que o nível cognitivo desses estudantes está comprometido.
A Comparação Internacional e os Desafios do Brasil
Além disso, o estudo compara a realidade brasileira com o modelo de países como Finlândia, Coreia do Sul e Polônia, onde somente os melhores alunos do ensino médio são selecionados para o magistério. Esses países têm altos índices de desempenho no Pisa e oferecem salários mais elevados e melhores condições de trabalho para os educadores. A qualidade dos professores está diretamente relacionada ao crescimento econômico e socioeconômico dessas nações. Em contrapartida, no Brasil, a falta de políticas efetivas de atração de bons alunos para o magistério compromete a qualidade da educação.
Desvalorização da Profissão Docente
Em termos de salários, o Brasil ocupa uma das últimas posições entre os países da OCDE, com os piores salários para professores. Além disso, o país enfrenta a falta de infraestrutura nas escolas, o que agrava ainda mais a situação dos educadores. Como resultado, muitos jovens que teriam vocação para o magistério são desestimulados pela baixa remuneração e pelas condições precárias de trabalho. A falta de reconhecimento da profissão também afasta aqueles que poderiam contribuir significativamente para a melhoria do sistema educacional.
O Caminho para a Melhoria: Investimentos no Magistério
Em conclusão, a pesquisa ressalta a necessidade de investimentos significativos na qualificação do ensino superior e nas condições de trabalho dos professores. Para que o Brasil possa melhorar o desempenho educacional e alcançar níveis internacionais de qualidade, é imprescindível atrair os melhores alunos para a educação e valorizar os professores com melhores salários, formação contínua e melhores condições de trabalho.
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